Vs.
13-18 – Paulo prossegue declarando dois efeitos positivos que resultaram de seu
aprisionamento. A primeira coisa foi
que se tornou amplamente conhecido (“manifesto”)
que ele não estava em cativeiro por conta de atividade criminosa, mas sim
pelo seu testemunho por Cristo. Por isso, ele fala de sua prisão como sendo “prisões em Cristo” (v. 13).
Naquela
época, Paulo estava em prisão domiciliar e morava em sua “própria habitação que alugara” (At 28:30). Um soldado romano estava
acorrentado a ele todos os dias por um período de tempo estabelecido, e um após
o outro, esses soldados tiveram uma experiência que jamais esqueceriam. Eles
testemunharam em primeira mão um homem vivendo em constante gozo celestial.
Cada um certamente ouviu o evangelho, e alguns provavelmente se converteram por
meio da experiência, embora a Escritura seja silente quanto a isso. Visível por
esse silêncio, aprendemos outra coisa sobre o correto caráter Cristão: o servo
do Senhor, que anda com Deus no poder do Espírito, não conta seus convertidos
nem se gloria do seu sucesso no evangelho (Mt 6:3). Tal coisa apenas chama a
atenção para si mesmo. Em vez disso, ele continua silenciosamente em humilde
serviço e deixa os resultados para Ele (Lc 17:10). (O capítulo 4:22 afirma que
alguns da “casa de César” foram
salvos! Como, ou por meio de quem foram salvos Paulo
não diz.)
Não demorou muito para que a notícia
a respeito deste notável prisioneiro se espalhasse por “toda a guarda pretoriana”. Essa era a Guarda Imperial, o
quartel-general militar romano, que tinha um quartel que abrigava dez mil
soldados. (Ver a nota de rodapé da Tradução de J. N. Darby.)[1] Paulo
olhou para cada um desses
soldados, não apenas como futuros convertidos, mas como futuros mensageiros do
evangelho. Independentemente se alguns soldados foram salvos ou não, as
notícias de Paulo e das boas-novas que pregou se espalharam pelos quartéis e
além deles por “todos os demais lugares”
em Roma! Nem todos creram no evangelho, mas estava sendo falado sobre ele em
toda a cidade, e isso era uma coisa boa.
V.
14 – O segundo resultado positivo da
reclusão de Paulo foi que mais irmãos estavam sendo estimulados a pregar a
Palavra. Ele disse que: “Muitos dos
irmãos no Senhor” estavam “tomando ânimo com as
minhas prisões” e “ousam
falar a palavra mais confiadamente, sem temor”. Isso também era bom.
V.
15 – Paulo relata que entre esses, havia dois grupos de pregadores. Alguns
pregavam a Cristo “por inveja e porfia”
– isto é, com motivos errados e impuros, e havia outros que pregavam “de boa mente” ou com boas intenções.
V.
16 – Aqueles que pregaram a Cristo “por
contenção” (ACF) e “não puramente”
(ACF) estavam fazendo isso com o propósito de acrescentar “aflição” às “prisões”
de Paulo. Eles queriam aumentar seus sofrimentos, se possível. É evidente a
partir disso que esses pregadores do evangelho não gostavam de Paulo. Qual era
exatamente o problema deles, ele não revela. Pode ter sido pelo que Paulo
ensinou sobre o fim do primeiro homem diante de Deus (Rm 6:6; Fp 3:3). Talvez
eles considerassem o seu ensinamento muito severo, e que isso tenha
tornado o Cristianismo impopular
entre as massas, e para contra-atacar, apresentavam um novo modelo de evangelho
que não condenava diretamente o homem na carne nem insistia na separação do
mundo. Pode ser que esses pregadores tenham visto o evangelho como um meio de
obter lucro financeiro, como foi o caso de alguns em Corinto (2 Co 2:17 – que
fizeram “um comércio da Palavra de Deus”
– JND). Isso, é claro, foi algo que Paulo condenou, e essas coisas se tornaram
a causa da antipatia por ele. Com Paulo estando encarcerado, procuraram tirar
proveito da situação – mas os motivos deles tinham encobertos objetivos futuros.
Certos
aspectos da doutrina de Paulo ainda são impopulares entre os Cristãos de hoje.
A Cristandade rejeita categoricamente muito do seu ensinamento sobre doutrina e
prática da Igreja. Por exemplo, a massa na profissão Cristã não aceita o que
Paulo ensina sobre a condução soberana do Espírito Santo na assembleia em
adoração e ministério, e introduziu o clericalismo (o sistema clero/leigo) em
seu lugar. Além disso, a Cristandade em geral rejeita o que ele ensina sobre a
adoração Cristã, onde não é necessária a prática judaica do uso de instrumentos
musicais, corais, etc. E ainda, o que Paulo ensina sobre o lugar da irmã na
Igreja – que não permite pregação pública, ensino e administração – também é
rejeitado pela massa. E também, seu ensino sobre o uso de cobertura de cabeça,
etc. O espaço nos impede de fornecer uma lista completa aqui.
Os
maus motivos desses pregadores servem para nos mostrar que o serviço Cristão
pode ser realizado na energia da carne, motivado pela ganância, inveja e busca
de glória. Uma vez que existe essa triste possibilidade com cada um de nós,
devemos julgar a nós mesmos e nos manter humildes no serviço do Senhor, porque
nossos motivos serão um dia revistos no tribunal de Cristo (1 Co 4:5).
V. 17 – No lado feliz, muitos
irmãos foram devidamente despertados pelo cativeiro de Paulo. Eles pregaram a
Cristo “por amor”, que é o motivo correto
para ter-se relativamente a Deus e às almas perdidas. Ouvindo o exemplo de
Paulo de ter sido “posto para a defesa
do evangelho”, eles tiveram coragem e foram movidos para uma confiança mais
completa no Senhor e, consequentemente, saíram destemidamente para pregar o
evangelho. Isso deve ter sido encorajador e inspirador para os filipenses
ouvirem.
V.
18 – Paulo diz: “Mas que importa? contanto que Cristo seja
anunciado de toda a maneira, ou com fingimento ou em verdade, nisto me
regozijo, e me regozijarei ainda”. Motivos impuros e métodos carnais podem ter
sido utilizados por alguns que estavam pregando o evangelho, mas Paulo estava
contente em deixar tudo isso com o Senhor. O testemunho do evangelho estava
abundando; essa era a coisa importante. O evangelho pode não ter estado em seus
corações, mas estava em seus lábios, e desde que Cristo estava sendo
pregado, Paulo podia se regozijar. Percebemos a partir disso que ele não tinha
animosidade em relação a esses pregadores. Longe de ter ciúmes ou de criticar
esses homens que tinham a intenção de provocar-lhe problema, ele é gracioso;
não há vestígio de irritação ou amargura em seu espírito. Quer os motivos da
pregação fossem falsos ou puros, Cristo estava sendo proclamado e seu coração
estava cheio de gozo. Ele diz: “nisto me regozijo, e
me regozijarei ainda”.
Precisamos
ter essa mesma atitude em relação àqueles da Cristandade que pregam com aparentes
motivos impuros. Pode ser que eles trabalhem com motivos de cobiça, inveja e
busca de glória – ou talvez, eles anunciem uma mensagem falha ou incompleta do
evangelho. Podemos sentir que não devemos nos unir a eles em seu trabalho, mas
podemos orar para que a Palavra pregada seja multiplicada nas mãos de Deus e
frutifique nas almas sendo salvas. Vamos, assim como Paulo, regozijar-nos, pois
Cristo está sendo pregado e as almas estão sendo abençoadas.
[1] k Ou
“em todos os outros [lugares]”. O
Pretório era a Guarda Imperial ou os seus quarteis generais
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