Vs.
12-14 – Paulo então se volta para a aplicação prática dessas coisas entre os filipenses.
Como mencionado, o inimigo (Satanás) havia mirado aquela assembleia e estava
decidido a destruí-la por meio de conflitos internos. Paulo, portanto, diz: “De sorte que, meus amados, assim como sempre obedecestes,
não só na minha presença, mas muito mais agora na minha ausência, assim também
operai a vossa salvação com temor e tremor; Porque
Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a Sua boa vontade. Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas”. A assembleia em Filipos precisava ser salva
dos desígnios malignos do inimigo. Paulo lhes dera o remédio – a condescendência
de Cristo. Agora, com a ajuda de Deus, cada um deles deveria imitar o exemplo
de humildade de Cristo e, assim, “operar”
uma “salvação” prática das lutas
internas que estavam enfrentando. Como Paulo estava longe na prisão, não
poderia estar lá para ajudá-los, e isso significava que não poderiam procurar
por ele para libertação. Eles tinham que olhar para o Senhor e encontrar uma
solução piedosa entre eles para o que estava ameaçando a unidade da assembleia.
Isso era algo que deveriam fazer como uma assembleia, pois o pronome “vós” é coletivo. Paulo estava
confiante que fariam isso porque sabia que Deus estava trabalhando neles tanto
“o
querer como o efetuar” o que era agradável aos Seus olhos.
Podemos
estar inclinados a pensar que era uma pena que Paulo não estivesse lá para
ajudar. Mas aqui está a sabedoria de Deus. Os santos tendem a se inclinar
demais para líderes e homens dotados de dons. Como resultado, se tornam
dependentes deles, e isso pode
se tornar prejudicial ao seu desenvolvimento espiritual. Esta pode ser uma das
razões pela qual Deus ocasionalmente leva um homem dotado, seja por meio de sua
morte ou por mudar-se para uma localidade diferente. Sem Paulo lá em Filipos,
os irmãos se voltaram para o Senhor. Este é sempre um exercício saudável. Ter um
apóstolo presente certamente era um benefício para os santos (cap. 1:24), mas
Deus pretendia que essas posições oficiais na Igreja fossem eliminadas
gradualmente após o primeiro século. Depois que a Igreja recebeu as Escrituras
do Novo Testamento, esperava-se que os santos se desenvolvessem
espiritualmente, o suficiente para que olhassem diretamente para o Cabeça da
Igreja, em vez de apoiarem-se em apóstolos, anciãos ordenados, etc.
Em
relação à “salvação” em vista aqui,
é comumente pensado que Paulo estava dizendo aos filipenses que precisavam
obter a salvação de suas almas da pena de seus
pecados (a qual receberam por crer no Senhor Jesus) operada em suas vidas na prática como uma evidência
de que foram verdadeiramente salvos. Então as pessoas veriam que eram Cristãos
verdadeiros. Embora isso seja certamente uma coisa a ser desejada, não é o que
Paulo estava dizendo aqui. Esse mal-entendido vem de pessoas tentando forçar um
significado de salvação em cada passagem da Escritura que menciona a salvação.
Conforme observado no capítulo 1:19, o Sr. Kelly disse que a maioria das referências relacionadas à
salvação no Novo Testamento não se refere ao seu aspecto eterno apresentado no
evangelho. O aspecto da salvação em vista em cada passagem, portanto, deve ser
determinado pelo seu contexto.
Um
artigo no periódico, Precious Things,
explica o significado de “salvação”
neste versículo 12: “Este versículo tem sido mal interpretado como se dissesse,
operai para a salvação, enquanto o
que ele diz é 'operai a
vossa salvação'. Penso que o
versículo se refere às dificuldades que estavam presentes no grupo em Filipos,
em vez de ser algo individual. Tem sido apontado que o verbo está no plural, e
quando ele diz ‘vossa’ aparentemente tem em mente as dificuldades na assembleia
localmente... Salvação como referido nesta passagem não é a salvação da alma,
que é obtida por meio da fé em nosso Senhor Jesus Cristo, é a salvação diária em relação às muitas dificuldades
que nos cercam em nosso caminho. Está se tornando mais óbvio, à medida que
seguimos essa epístola, que a desunião os estava marcando, e é disso que
precisavam ser salvos. Isto parece sugerir que o caminho da salvação
para sair das dificuldades consistia em a parte contenciosa decrescer em
relação ao ego” (Precious Things, vol. 5, págs. 263-264).
H.
A. Ironside disse: “Não há assembleia de santos na Terra
que, mais cedo ou mais tarde,
não venha ter suas dificuldades internas, e o conselho ou mandamento aqui dado
[em Filipenses 2] se aplica exatamente a esses casos. É a maneira de Deus para
que assembleias sejam corrigidas a partir de dentro, por julgamento próprio em
Sua presença e submissão à Sua Palavra... Nos versículos 12-16 vemos este
operar da salvação da assembleia demonstrada praticamente” (Notes on Philippians, págs. 50-52) .
W. MacDonald disse: “Eles foram
afligidos por disputas e conflitos. O apóstolo lhes dera o remédio que era cada
um ter a mente de Cristo. Assim, eles poderiam ‘operar’ sua ‘própria’
salvação ou a solução de suas dificuldades. A ‘salvação’ dita aqui não é a da alma, mas o livramento das ciladas
que impediria o Cristão de fazer a vontade de Deus... A salvação tem muitos
significados diferentes no Novo
Testamento. O significado em qualquer caso particular deve ser determinado em
parte, pelo menos, pelo contexto. Nós acreditamos que nesta passagem ‘salvação’ significa a solução do
problema que estava conturbando os filipenses, isto é, suas contendas” (Believer’s Bible Commentary, pág. 1.968).
F.
B. Hole disse: “Os perigos de fora os ameaçavam, e havia esta sutil dissensão
interna os ameaçando. Deixe-os procurar ter e manifestar, com energia
redobrada, a mente que estava em Cristo Jesus. Assim eles estariam operando sua
própria salvação de tudo o que os ameaçava” (Philippians, pág.
74).
A.
M. Gooding disse: “Opere sua própria salvação com ‘temor e tremor’. Salvação de
que? Salvação de contenda, porque o avanço do evangelho é impedido quando vem a
contenda” (The 13 Judges, pág. 95).
S.
Maxwell disse: “O apóstolo está como que dizendo aqui, eu estou ciente de seus
problemas internos e eu lhes dei um exemplo a seguir (2:5-7); agora operem sua
própria salvação como uma assembleia. A palavra claramente indica que eles
precisavam ser salvos daquilo que, no final, seria destrutivo para o
testemunho, se não se movessem para acabar com a sua contenda” (Philippians, pág. 210).
Enquanto os filipenses estavam
indo bem em geral, é evidente que o inimigo esteve plantando sementes de
discórdia entre eles, e Paulo ligou isso a duas irmãs que não estavam se dando
bem (cap. 4:2). Se isso não fosse resolvido, o problema cresceria e a paz e o
bem-estar daquela assembleia seriam comprometidos. É como se Paulo dissesse:
“Eu os exortei a serem de uma mente, cada um estimando o outro melhor do que a
si mesmo, e também lhes dei o exemplo
perfeito na humildade do Senhor Jesus. Assim, vocês têm o remédio para o
problema em seu meio, agora ‘operai a
vossa salvação com temor e tremor’ entre vocês”. Podemos perguntar: “Como
exatamente devemos fazer isso?” Um bom lugar para começar é orar pelo bem e
pela bênção de cada irmão e irmã na assembleia – e especialmente por aqueles
com os quais é difícil de se conviver. Se um impasse ocorrer na assembleia,
seja o primeiro a descer e a consentir. Se a consciência nos diz que ofendemos,
seja rápido em pedir desculpas apropriadamente.
Devemos
fazer essas coisas com “temor”,
porque sabemos que há um inimigo sempre presente à espreita, procurando uma
posição em algum lugar. E também, deve ser feito com “tremor”, porque todos nós temos a carne em nós, e isso significa
que podemos ser aquele que o inimigo pode usar para destruir a assembleia.
(Certamente não é “tremor” na esperança
que temos da salvação eterna de nossas almas, porque esse aspecto da salvação
não é o assunto aqui.) Visto que o coração humano é tão enganoso (Jr 17:9),
muitas vezes, aqueles que são usados pelo inimigo desta maneira, pensam que
estão fazendo a coisa certa para a glória de Deus! Estando em tal estado confuso,
é difícil convencê-los do contrário.
Nenhum comentário:
Postar um comentário