CRISTO – O
PRÊMIO DA VIDA CRISTÃ Capítulo
3
O capítulo 3 é um parêntese (J. N.
Darby, Notes and Jottings, pág. 209).
Antes de continuar suas exortações em conexão com a unidade na assembleia no
capítulo 4, Paulo desvia-se um pouco para falar da força motivadora que leva o
Cristão ao longo do caminho da fé. Ele explica neste terceiro capítulo que o
que dá ao Cristão a energia para andar nesse caminho e fazer a vontade de Deus
é ter Cristo em glória como nosso único Objeto na vida.
É interessante que Paulo não
exorta exatamente os filipenses a buscarem a Cristo em glória, mas fala disso a
partir da perspectiva de sua própria experiência. Ele lhes diz o que ter Cristo
como seu Objeto fez em sua vida e que isso continuava fazendo em seu dia a dia.
Assim, todos os que leem esta epístola têm a oportunidade de ver o que o
motivou a viver pela causa de Cristo. Ele também nos diz que essa mesma energia
será encontrada em nós se “sentirmos o
mesmo” que ele na busca de Cristo (v. 15).
Paulo nos deu o Padrão para a vida Cristã no capítulo 2
– o caminho humilde de Cristo neste mundo. Agora, no capítulo 3, ele nos aponta
para o Objeto da vida Cristã – Cristo
exaltado em glória. Ambas as coisas são necessárias se quisermos derrotar o
inimigo em sua tentativa de destruir a assembleia a partir de dentro. No
capítulo 2:3, Paulo declarou que as assembleias são destruídas por “contenda” e “vanglória”. No capítulo 2, nos mostrou como a contenda pode ser
vencida – cada um na assembleia tendo uma mente mirando para baixo. Agora, no capítulo 3, ele nos
mostra como a vaidade (importância própria) pode ser vencida – cada um na assembleia
tendo uma mente mirando para o alto.
Fixar nosso olhar na grandeza de Cristo em glória livra a alma de todo
pensamento de importância própria. Olhando para a Sua grandeza e glória, vemos
quão pequenos realmente somos! Já que nenhuma carne pode se gloriar em Sua
presença (1 Co 1:29), aqueles que despendem lá seu tempo não estarão pensando
em si mesmos mais do que deveriam pensar (Rm 12:3).
Cristo em humilhação e Cristo em exaltação
é ilustrado tipicamente no Velho Testamento em dois alimentos que Deus deu aos
filhos de Israel – o “maná” (Êx 16)
e “trigo da terra do ano antecedente”
(Jz 5:12). O maná desceu do céu e repousou no orvalho que caiu no deserto; as
pessoas o recolheram e o comeram. Isto tipifica a condescendência de Cristo
como um Homem humilde neste mundo, como visto no capítulo 2 (Jo 6:31-35,
47-51). Ao meditar em Seu caminho humilde, nós assimilamos Sua perfeição moral
e isso produz semelhança moral em nós. O trigo da terra do ano antecedente é o
que Israel comeu depois que atravessaram o rio Jordão e entraram na terra de
Canaã. Cruzar o Jordão tipifica a identificação do crente com a morte e
ressurreição de Cristo. Canaã tipifica os lugares celestiais onde Cristo está
agora, tendo sido ressuscitado por Deus de entre os mortos e estando sentado à
Sua direita (Jo 12:24; Ef 1:20). Assim, comer trigo da terra fala de se
alimentar de Cristo em meditação, pois Ele está agora no alto como um Homem
glorificado. Cristo como o Maná é encontrado nos quatro Evangelhos e Cristo como Trigo é encontrado nas Epístolas. (Há algumas exceções, como Filipenses
2).
Neste terceiro capítulo, demonstrado
na própria experiência de Paulo, vemos a energia que conduz o Cristão por este
mundo. A nova vida em nós precisa de um Objeto, e Deus o providenciou em
Cristo, no alto em glória (2 Co 3:18; Hb 2:9, 12:2). A pessoa que entende isso,
e que faz d’Ele o seu único Objeto, não será apenas cheia de gozo, mas também
cheia de energia espiritual. De tempos em tempos, ouvimos sobre Cristãos a
serviço do Senhor falando que estão “esgotados”. Com o que está diante de nós
neste capítulo, isso nunca deveria acontecer. Se um Cristão perde sua energia
no caminho da fé e do serviço, é porque tirou os olhos do Senhor em glória. Ele
perdeu seu foco em Cristo, e com isso vem uma perda de energia e uma perda de gozo
na alma – e o desânimo não estará muito distante.
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