Uma Tripla Descrição do Verdadeiro
Cristianismo
V. 3 – Em contraste com o que os
mestres judaizantes estavam apresentando, Paulo descreve o que é o verdadeiro
Cristianismo. Ele dá a sua essência em três
declarações distintas. Se nos perguntassem o que realmente é o Cristianismo,
esse terceiro versículo daria a resposta. Paulo diz: “Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus em [pelo – JND] Espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne”.
Cada Pessoa na Divindade é mencionada aqui como tendo uma parte integral nesta
nova ordem espiritual de coisas. Assim, o verdadeiro Cristianismo envolve a
revelação da Trindade – o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Paulo diz: “a circuncisão somos nós”. Ao afirmar isso, estava falando
de forma representativa de toda a companhia Cristã como está diante de Deus.
Esta foi uma nova maneira de usar a palavra “circuncisão”, pois é geralmente usada nas Escrituras para
significar a nação de Israel (At 10:45, 11:2; Rm 15:8; Gl 2:7-9, 12; Cl 4:11;
Tt 1:10) como separada dos gentios, que são denominados “a incircuncisão” (Gl 2:7; Ef 2:11). Paulo não está se referindo
ao rito externo da circuncisão aqui, mas está usando a palavra em um sentido
simbólico. Sendo que a circuncisão literalmente significa “cortar fora completamente”, Paulo estava usando isso para indicar
o que os crentes no Senhor Jesus Cristo, pela fé em Sua morte, tinham aceitado
o corte completo e, portanto, o completo fim do homem na carne diante de Deus.
(Rm 8:3; Cl 2:11). Isto também significa uma vida que é separada da atividade
da carne para Deus na prática.
Três coisas que descrevem o
Cristianismo em sua essência são:
1) Nós “servimos a Deus em [pelo – JND] Espírito” – a aproximação Cristã a Deus é algo espiritual – “em espírito e em verdade” (Jo 4:24). É
um “novo e vivo caminho” que não
requer os rituais da religião terrena, como encontrado no judaísmo (Hb
10:19-22). É “novo” porque não é uma
versão atualizada ou um complemento do judaísmo e é “vivo” porque a pessoa deve ter uma nova vida (por meio do novo
nascimento) para participar dele.
2)
“Nos regozijamos [gloriamos – ARC] em Cristo
Jesus” (KJV) – o uso por Paulo da expressão “em Cristo Jesus” não deve ser menosprezado aqui. Como mencionado
em nossas observações no capítulo 1:1, quando as Escrituras dizem “Jesus Cristo” (Seu nome de Humanidade
antes de Seu título), geralmente se refere ao Senhor como tendo vindo do céu
para cumprir a vontade de Deus na morte e ressurreição (Rm 15:8, etc.). Mas
quando se diz “Cristo Jesus” (seu
título antes de seu nome de Humanidade), está se referindo ao Senhor como tendo
completado a obra de redenção e voltado ao céu como um Homem glorificado. Visto
que a posição do Cristão diante de Deus é “em
Cristo Jesus” (Rm 8:1, etc.), e tudo o que ele tem está naqu’Ele Homem
glorificado à direita de Deus (Cl 3:1-3), entendemos que o Cristianismo é algo inteiramente
celestial. As escrituras indicam que o caráter do Cristão (1 Co 15:48), a
habitação (2 Co 5:2), as bênçãos (Ef 1:3), o assento (Ef 2:6), o conflito (Ef
6:10-12), a cidadania (Fp 3:20), a esperança (Cl 1:5), a vocação (Hb 3:1), a
possessão (Hb 10:34), o lugar (Hb 12:23), a herança (1 Pe 1:4) e o destino
final (2 Co 5:1) são todos celestiais. Isto está em contraste com o judaísmo,
que é uma religião terrena. No Cristianismo, não nos gloriamos em Moisés – “nos gloriamos em Cristo Jesus”. Isto
é, tudo o que somos e tudo o que temos está no céu e é encontrado naqu’Ele
Homem celestial à destra de Deus.
3)
“Não confiamos na carne” – Como resultado da
aceitação da sentença da condenação de Deus sobre o homem na carne lá na cruz
(Rm 6:6, 8:3; Cl 2:11), os crentes no Senhor Jesus Cristo recusam a carne em
suas vidas – tanto em um contexto secular quanto em um contexto religioso.
Assim, os Cristãos não se envolvem em buscas mundanas que favorecem as inclinações
da carne nem perseguem realizações pessoais em religião terrena.
Em resumo, o verdadeiro
Cristianismo tem a ver com crentes no Senhor Jesus aceitando a sentença de
condenação de Deus sobre a carne e encontrando tudo em Cristo no alto, e tendo
o Espírito habitando em si, adoram a Deus espiritualmente, em vez de ser por
meio das ordenanças externas e rituais de religião terrena.
O Cristianismo puro, como Paulo
estabeleceu no versículo 3, era algo ao qual os mestres judaizantes se opunham.
Sendo incrédulos, não tinham uma visão clara do mundo e da carne, e do
julgamento de Deus sobre eles. Também não tiveram fé para entender e apreciar a
posição do crente diante de Deus “em
Cristo Jesus” e nossas bênçãos a Ele associadas, estando Ele ali assentado.
Eles viram o Cristianismo como uma oportunidade para “fazer um negócio da Palavra de Deus” (2 Co 2:17 – JND) – isto é,
como um empreendimento do qual alguém poderia tirar seu sustento! Eles
imaginavam que o Cristianismo era uma religião terrena e era uma mera extensão
do judaísmo. Com essa visão falsa do Cristianismo, esses judaizantes
encorajaram os crentes a perseguirem as “coisas melhores” da carne, tanto na
religião quanto no mundo. A força propulsora de seu ensinamento, em essência,
era encorajar os crentes a colocarem sua “confiança
na carne”. Eles estavam claramente contra um corte completo da carne na
prática, o que a verdadeira circuncisão significa. Assim, esses falsos mestres
eram um obstáculo à prática do verdadeiro Cristianismo, e é por isso que Paulo usou
essa oportunidade para advertir os santos.
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