SENTIR DE MODO DIVERSO (v. 15b-17)
Paulo continua e diz: “se sentis alguma coisa de modo diverso,
Deus também vo-lo revelará” (ATB). Isso mostra que ele percebeu que nem
todos os crentes estão no mesmo nível de progresso e resultados em sua
experiência Cristã. Há muitos que estão verdadeiramente seguindo a Cristo, mas
não têm a mesma singularidade de foco em Cristo em glória que Paulo tinha. Ele diz
que esses sentem “de modo diverso”.
A maioria dos Cristãos de hoje provavelmente se enquadra nessa categoria. Tais
não passaram pelos exercícios da alma que levam a ter Cristo como o único
Objeto de suas vidas. Assim, eles têm em suas vidas uma mistura de coisas e
buscas terrenas juntamente com genuína afeição por Cristo. Paulo estava
confiante de que, ao andarem no caminho da fé com Deus, e amadurecerem de
acordo, o Senhor iria lhes “revelar”
que essas buscas terrenas são apenas distrações que atrapalham a alma na busca
de Cristo em glória – e eles as deixariam de lado, como ele o fez. Satanás sabe
disso, e faz tudo o que pode para embaraçar o crente em todo tipo de buscas e
empreendimentos dos quais não é fácil se desvencilhar.
É
maravilhoso ver como Paulo é gracioso em relação àqueles que sentiam de modo
diverso. Ele não os repreende com palavras depreciativas, ou despreza-os por
sua falta de exercício em coisas divinas. Em vez disso, fala-lhes graciosamente
e os encoraja a viver de acordo com o que alcançaram. Ele diz: “Mas, naquilo a que já chegamos, andemos [nos mesmos passos – JND] segundo a mesma regra”. (A declaração que segue, “e sintamos o mesmo”, é encontrada na KJV [e na ARC], mas não tem muita, se é
que tem alguma, autoridade como manuscrito e, consequentemente, é deixada fora
da Tradução de J. N. Darby.) O argumento de Paulo aqui é que apesar de estarmos
todos em níveis diferentes de realização espiritual, todos nós podemos andar
juntos em feliz unidade se todos nós tivermos uma mente voltada para Cristo em
glória.
Este
espírito gracioso é algo necessário enquanto caminhamos com nossos irmãos,
porque há uma tendência a se pressionar aqueles de menor progresso espiritual e
forçá-los a um molde que exteriormente os conforma com o que achamos que um
Cristão deveria ser. Mas se tal coisa não é produzida pelo coração da pessoa
sendo movida pela graça e pelo exercício pessoal, isso resultará em viverem
acima de onde realmente estão em suas almas. A vida Cristã se tornará algo
legalista para eles. Em nosso zelo para vê-los seguir em frente e sentir o
mesmo com Paulo, podemos inadvertidamente colocá-los em um lugar de perigo onde
poderiam ter um naufrágio espiritual. Em vez de colocar cargas sobre eles e
exortá-los a viver coisas além de onde realmente estão em suas almas,
precisamos seguir o exemplo de Paulo. Ele encorajou todos os tais a andarem com
o Senhor naquilo que eles “já haviam
alcançado”, e deixou para Deus “revelar”
a eles o caminho mais excelente, à medida que cresciam na graça. O espírito de
graça de Paulo para crentes que sentem de modo diverso exemplifica como os
santos mais avançados espiritualmente devem tratar os que têm menos
conhecimento que eles. Se isso fosse seguido em nossas interações diárias entre
um e outro, isso desarmaria muitas lutas e contendas internas em nossa vida de
assembleia.
O
exemplo de Eliseu em seu tratar com Naamã ilustra a sabedoria que devemos ter
em tratar com aqueles que pensam de modo diverso (2 Rs 5:18-19). Quando Naamã
ponderou sobre a questão de entrar na casa de Rimom, Eliseu disse a ele: “Vai em paz”. Ele não disse sim ou não,
mas deixou Naamã com o Senhor, que deixaria claro a ele qual era a coisa certa
a se fazer.
O
conselho de Paulo para todos os crentes que sentem de modo diverso foi: “Sede também meus imitadores, irmãos, e tende cuidado,
segundo o exemplo [modelo] que tendes em nós,
pelos que assim andam” (v. 17). Cristo deveria ser o Objeto
deles, mas eles também tinham Paulo e àqueles que sentiam o mesmo com ele como
seu “modelo” para a vida Cristã.
Isso mostra que a coisa mais útil que podemos fazer pelos santos é continuarmos
com o Senhor. O exemplo é uma influência poderosa para os outros (At 20:20,
35).
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