V.
29 – É uma antiga tática do inimigo desencorajar os crentes de testemunharem
por Cristo por meio de ameaças de violência. Paulo lembra aos filipenses que,
se a perseguição fosse a porção deles, precisavam se lembrar de que todo esse
sofrimento é realmente um privilégio que nos foi “concedido” para suportar por Cristo, e deveria ser visto como uma
honra. Ele disse: “Porque a vós vos foi
concedido, em relação a Cristo, não somente crer n’Ele, como também padecer por
Ele”. Nosso exemplo são os próprios apóstolos (At
5:40-41). Todo Cristão precisa entender que sofrer reprovação e perseguição é
normal para o Cristianismo. Nós não podemos realmente escapar disso e ainda
permanecer fiéis ao Senhor (2 Tm 3:12).
Sofrer
“por” Cristo tem a ver com suportar
reprovação e perseguição por causa da confissão de Cristo entre os homens. Há
um tipo dessa espécie de sofrimento na história de Davi e Jônatas. Davi é um
tipo de Cristo e Jônatas é um tipo do crente. Quando Jônatas se identificou
publicamente com Davi, Saul e os que o seguiram se enfureceram, e Saul atirou
uma lança em Jônatas – seu próprio filho! (1 Sm 20:30-34) O sofrimento por
Cristo é uma coisa facultativa. Ou seja, podemos optar por evitá-lo, se
desejarmos, simplesmente recusando-nos a confessar a Cristo diante dos homens.
Sofrer “com” Cristo é algo diferente (Rm 8:17). Isso é inevitável. Tem a
ver com o crente tendo uma natureza divina por meio de um novo nascimento e da
habitação do “Espírito de Cristo”
(Rm 8:9). O Espírito de Cristo é uma função especial do Espírito Santo que
forma os sentimentos e compaixões de Cristo no crente. Quando o Senhor olha para essa cena em que o
pecado teve seus tristes efeitos, Ele sofre em empatia por Suas criaturas que estão
sofrendo sob a escravidão da corrupção. Como “filhos de Deus” (Rm 8:14) e “crianças de Deus” (Rm 8:16 – JND)[1],
somos vasos da compaixão de Deus (Rm 8:14-18). Tendo um
vínculo em nossos corpos com a criação sofredora e tendo o Espírito em nós,
quando vemos uma das criaturas de Deus sofrer, em nossa pequena medida,
sofremos “com” Cristo em empatia. Visto que todos os crentes
têm o Espírito de Cristo neles, todos os crentes, mais ou menos, sofrem desse
modo.
V.
30 – Enquanto esperamos o Senhor vir, é nosso privilégio servi-Lo,
testemunhando por Ele e divulgando a revelação Cristã da verdade a todos os que
a receberem. Ao usar as palavras “combatendo”
e “conflito” nessa conexão, Paulo
não estava sugerindo que deveríamos discutir e lutar com aqueles que se opõem à
verdade. Nosso conflito é uma coisa espiritual, em que combatemos inimigos
espirituais que confundem as mentes dos homens com ideias falsas, ensinando
pacientemente a verdade a eles (2 Co 10:4-5; Cl 1:29, 2:1). Simplesmente não há
lugar para argumentos carnais na obra do Senhor (2 Tm 2:14). Toda essa
atividade apenas estraga o testemunho do evangelho. Mas quando servimos
corretamente sob o senhorio de Cristo, estaremos engajados no mesmo conflito
espiritual em que Paulo estava, e compartilharemos as mesmas recompensas em um
dia vindouro.
Em
resumo do capítulo 1, vimos um homem (Paulo) que pesou a vida na balança de
Deus, e concluiu corretamente que viver para a causa de Cristo é a única coisa
pela qual vale a pena viver – e vivendo para Cristo, descobriu que isso é a
chave para uma vida feliz e frutífera.
[1] N. do T.: no grego a
palavra “uihos” do v. 14 e a palavra “teknon” do v. 16 são indistintamente
traduzidas nas versões de Almeida em português como “filhos”
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