Paz entre Irmãos
Vs.
1-3 – Antes de falar sobre isso, Paulo retoma e conclui aqui suas exortações
aos filipenses no capítulo 2 sobre a crescente dissensão em seu meio. Como
observado anteriormente, o capítulo 3 é um parêntese e, portanto, os três
primeiros versículos do capítulo 4 são uma conclusão apropriada para o assunto.
Ao
abordar o problema da cisão em seu meio, Paulo primeiro assegura aos filipenses o
lugar que tinham em suas afeições, e então passa a rogar-lhes com “a mansidão e benignidade de Cristo” (2
Co 10:1). Isso é sabedoria; ele prepararia os filipenses para receber o que
estava prestes a dizer. Assim, prossegue com expressões de profunda afeição: “Portanto, meus amados e mui queridos
irmãos, minha alegria [gozo –
JND] e coroa, estai assim firmes no
Senhor, amados”. Ele “ansiava” (JND)
ver os filipenses e fala deles como seu presente
“gozo”, e no tribunal de Cristo, sua
futura “coroa”. Assim, o servo do Senhor olha para o tribunal e vê o fruto
de seus labores e seus convertidos lá (1 Ts 2:19).
Em
vista da perseguição que estavam experimentando de homens descrentes de fora (cap. 1:28) e do ensino subversivo
dos judaizantes de dentro do rol
Cristão (cap. 3:2), Paulo exortou os filipenses a “estar assim firmes no Senhor”. Ele não lhes pediu que
permanecessem firmes em suas próprias forças, mas no Senhor. Quando na prática nos
colocamos sob Seu Senhorio, podemos esperar ter o Seu apoio na busca de sermos
fiéis. Paulo desejou que fizessem exatamente isso e se valessem da ajuda divina
para permanecer em pé. Note que ele não disse: “Permaneçam firmes na reunião!”
– fazendo assim da participação nas reuniões da assembleia o objetivo. Embora a
participação regular nas reuniões da assembleia seja importante (Hb 10:25), se
o nossa firmeza não estiver “no Senhor”
e ser resultante do poder constrangedor de Seu amor (2 Co 5:14-15), tal comentário
colocaria a participação nas reuniões à frente do Senhor. Isso tende a tornar a
participação nas reuniões uma coisa legalista, e se fosse esse o caso, nossas
convicções a respeito de assistirmos às reuniões poderiam falhar a qualquer
momento.
Nos
capítulos anteriores da epístola, Paulo não apontou seu dedo para o problema da
dissensão diretamente, mas tocou em coisas que, se consideradas, produziriam
unidade na assembleia. Esses princípios que têm a ver com a unidade foram a
base para sua palavra final de exortação aqui. Paulo conhecia a situação em
Filipos e tinha em seu coração desde o início, as duas irmãs que estavam por
trás do problema, mas agora se dirige a elas diretamente pelos nomes. Ele
exorta: “Rogo a Evódia, e rogo a Síntique, que sintam o mesmo no
Senhor”. Essas irmãs de alguma forma se desentenderam. Elas provavelmente tiveram
uma diferença de opinião sobre algum assunto e isso as dividiu. Paulo insistiu
em que resolvessem isso, não por meio de algum arranjo humano, mas “no Senhor”. Assim, deveriam se
submeter à autoridade do Senhor quando a mente d’Ele se fizesse conhecida no
assunto. Para ajudá-las a alcançar esse fim, Paulo roga a seu “verdadeiro companheiro” que “ajude” no assunto, dando seu piedoso conselho.
A maioria dos expositores diz que Paulo estava provavelmente se referindo a
Epafrodito. Vemos a sabedoria de Deus em mencionar o envolvimento do
companheiro. Ao pedir-lhe para intervir, e incluindo-o na carta, as duas irmãs
não poderiam acusá-lo de se intrometer no problema delas – ele fora solicitado
pelo apóstolo a fazê-lo! Parece que Paulo sabia que seu companheiro tinha exata
ciência do problema e podia contar com ele para ajudá-las a resolver o assunto.
Paulo
disse que aquelas irmãs “trabalharam”
com ele “no evangelho”. Isso não
significa que elas subiram ao púlpito e pregaram para um público, como Paulo
talvez tenha feito. Tal conduta é contrária ao que ensinou em 1 Coríntios
14:34-35 e 1 Timóteo 2:12. O ensino público e a pregação não são uma obra que
Deus deu às irmãs no serviço Cristão, mas as irmãs certamente têm um papel
importante no trabalho do evangelho. Elas têm acesso a situações que os homens
não têm e podem compartilhar as boas notícias em um nível pessoal, o que
geralmente é o meio mais eficaz.
Paulo
menciona que os nomes de seus “cooperadores”
estavam no “livro da vida” – na
verdade, os nomes de todos os santos estão lá!
Crentes meramente professos, em certo sentido, escrevem seus nomes lá também ao
professarem ter vida – mas como não são crentes verdadeiros, seus nomes serão apagados. Quando o Senhor estava
na cruz, orou para que Deus riscasse do livro os nomes daqueles que são infiéis
(Sl 69:28). No momento em que o julgamento do grande trono branco ocorrer,
todos esses nomes terão sido removidos, e apenas os nomes dos verdadeiros
estarão lá. Se Deus escreveu o nome de uma pessoa no livro da vida, é porque
ela é um verdadeiro crente, e seu nome nunca será apagado (Ap 3:5). (Ver Collected Writings of J. N. Darby, vol.
26, págs. 243-244.)
Não
temos registro de que essa disputa em Filipos tenha sido resolvida. No entanto,
o propósito de ser registrada nas Escrituras é dar à Igreja, como um todo, o
remédio de Deus para conflitos internos e disputas dentro de uma assembleia.
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