terça-feira, 18 de setembro de 2018

Dois Resultados Positivos do Cativeiro de Paulo

Dois Resultados Positivos do Cativeiro de Paulo


Vs. 13-18 – Paulo prossegue declarando dois efeitos positivos que resultaram de seu aprisionamento. A primeira coisa foi que se tornou amplamente conhecido (“manifesto”) que ele não estava em cativeiro por conta de atividade criminosa, mas sim pelo seu testemunho por Cristo. Por isso, ele fala de sua prisão como sendo “prisões em Cristo” (v. 13).
Naquela época, Paulo estava em prisão domiciliar e morava em sua “própria habitação que alugara” (At 28:30). Um soldado romano estava acorrentado a ele todos os dias por um período de tempo estabelecido, e um após o outro, esses soldados tiveram uma experiência que jamais esqueceriam. Eles testemunharam em primeira mão um homem vivendo em constante gozo celestial. Cada um certamente ouviu o evangelho, e alguns provavelmente se converteram por meio da experiência, embora a Escritura seja silente quanto a isso. Visível por esse silêncio, aprendemos outra coisa sobre o correto caráter Cristão: o servo do Senhor, que anda com Deus no poder do Espírito, não conta seus convertidos nem se gloria do seu sucesso no evangelho (Mt 6:3). Tal coisa apenas chama a atenção para si mesmo. Em vez disso, ele continua silenciosamente em humilde serviço e deixa os resultados para Ele (Lc 17:10). (O capítulo 4:22 afirma que alguns da “casa de César” foram salvos! Como, ou por meio de quem foram salvos Paulo não diz.)
Não demorou muito para que a notícia a respeito deste notável prisioneiro se espalhasse por “toda a guarda pretoriana”. Essa era a Guarda Imperial, o quartel-general militar romano, que tinha um quartel que abrigava dez mil soldados. (Ver a nota de rodapé da Tradução de J. N. Darby.)[1] Paulo olhou para cada um desses soldados, não apenas como futuros convertidos, mas como futuros mensageiros do evangelho. Independentemente se alguns soldados foram salvos ou não, as notícias de Paulo e das boas-novas que pregou se espalharam pelos quartéis e além deles por “todos os demais lugares” em Roma! Nem todos creram no evangelho, mas estava sendo falado sobre ele em toda a cidade, e isso era uma coisa boa.
V. 14 – O segundo resultado positivo da reclusão de Paulo foi que mais irmãos estavam sendo estimulados a pregar a Palavra. Ele disse que: “Muitos dos irmãos no Senhor” estavam tomando ânimo com as minhas prisões e “ousam falar a palavra mais confiadamente, sem temor”. Isso também era bom.
V. 15 – Paulo relata que entre esses, havia dois grupos de pregadores. Alguns pregavam a Cristo “por inveja e porfia” – isto é, com motivos errados e impuros, e havia outros que pregavam “de boa mente” ou com boas intenções.
V. 16 – Aqueles que pregaram a Cristo “por contenção” (ACF) e “não puramente” (ACF) estavam fazendo isso com o propósito de acrescentar “aflição” às “prisões” de Paulo. Eles queriam aumentar seus sofrimentos, se possível. É evidente a partir disso que esses pregadores do evangelho não gostavam de Paulo. Qual era exatamente o problema deles, ele não revela. Pode ter sido pelo que Paulo ensinou sobre o fim do primeiro homem diante de Deus (Rm 6:6; Fp 3:3). Talvez eles considerassem o seu ensinamento muito severo, e que isso tenha tornado o Cristianismo impopular entre as massas, e para contra-atacar, apresentavam um novo modelo de evangelho que não condenava diretamente o homem na carne nem insistia na separação do mundo. Pode ser que esses pregadores tenham visto o evangelho como um meio de obter lucro financeiro, como foi o caso de alguns em Corinto (2 Co 2:17 – que fizeram “um comércio da Palavra de Deus” – JND). Isso, é claro, foi algo que Paulo condenou, e essas coisas se tornaram a causa da antipatia por ele. Com Paulo estando encarcerado, procuraram tirar proveito da situação – mas os motivos deles tinham encobertos objetivos futuros.
Certos aspectos da doutrina de Paulo ainda são impopulares entre os Cristãos de hoje. A Cristandade rejeita categoricamente muito do seu ensinamento sobre doutrina e prática da Igreja. Por exemplo, a massa na profissão Cristã não aceita o que Paulo ensina sobre a condução soberana do Espírito Santo na assembleia em adoração e ministério, e introduziu o clericalismo (o sistema clero/leigo) em seu lugar. Além disso, a Cristandade em geral rejeita o que ele ensina sobre a adoração Cristã, onde não é necessária a prática judaica do uso de instrumentos musicais, corais, etc. E ainda, o que Paulo ensina sobre o lugar da irmã na Igreja – que não permite pregação pública, ensino e administração – também é rejeitado pela massa. E também, seu ensino sobre o uso de cobertura de cabeça, etc. O espaço nos impede de fornecer uma lista completa aqui.
Os maus motivos desses pregadores servem para nos mostrar que o serviço Cristão pode ser realizado na energia da carne, motivado pela ganância, inveja e busca de glória. Uma vez que existe essa triste possibilidade com cada um de nós, devemos julgar a nós mesmos e nos manter humildes no serviço do Senhor, porque nossos motivos serão um dia revistos no tribunal de Cristo (1 Co 4:5).
V. 17 – No lado feliz, muitos irmãos foram devidamente despertados pelo cativeiro de Paulo. Eles pregaram a Cristo “por amor”, que é o motivo correto para ter-se relativamente a Deus e às almas perdidas. Ouvindo o exemplo de Paulo de ter sido “posto para a defesa do evangelho”, eles tiveram coragem e foram movidos para uma confiança mais completa no Senhor e, consequentemente, saíram destemidamente para pregar o evangelho. Isso deve ter sido encorajador e inspirador para os filipenses ouvirem.
V. 18 – Paulo diz: Mas que importa? contanto que Cristo seja anunciado de toda a maneira, ou com fingimento ou em verdade, nisto me regozijo, e me regozijarei ainda. Motivos impuros e métodos carnais podem ter sido utilizados por alguns que estavam pregando o evangelho, mas Paulo estava contente em deixar tudo isso com o Senhor. O testemunho do evangelho estava abundando; essa era a coisa importante. O evangelho pode não ter estado em seus corações, mas estava em seus lábios, e desde que Cristo estava sendo pregado, Paulo podia se regozijar. Percebemos a partir disso que ele não tinha animosidade em relação a esses pregadores. Longe de ter ciúmes ou de criticar esses homens que tinham a intenção de provocar-lhe problema, ele é gracioso; não há vestígio de irritação ou amargura em seu espírito. Quer os motivos da pregação fossem falsos ou puros, Cristo estava sendo proclamado e seu coração estava cheio de gozo. Ele diz: nisto me regozijo, e me regozijarei ainda.
Precisamos ter essa mesma atitude em relação àqueles da Cristandade que pregam com aparentes motivos impuros. Pode ser que eles trabalhem com motivos de cobiça, inveja e busca de glória – ou talvez, eles anunciem uma mensagem falha ou incompleta do evangelho. Podemos sentir que não devemos nos unir a eles em seu trabalho, mas podemos orar para que a Palavra pregada seja multiplicada nas mãos de Deus e frutifique nas almas sendo salvas. Vamos, assim como Paulo, regozijar-nos, pois Cristo está sendo pregado e as almas estão sendo abençoadas.




[1] k Ou “em todos os outros [lugares]”. O Pretório era a Guarda Imperial ou os seus quarteis generais

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