sexta-feira, 21 de setembro de 2018

O Segredo do Contentamento


O Segredo do Contentamento

Vs. 11-13 – Nestas palavras finais da epístola, vemos em Paulo alguém que era superior às suas circunstâncias. Ele diz: [Eu] Não digo isto como por necessidade [privação – KJV], porque já aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade”. Ao longo de toda esta passagem, Paulo fala no singular. Ele diz: “eu”, não “nós”. Ele provou por si mesmo a bondade de Deus. A infalível fidelidade de Deus tinha sido sua porção diária. Mesmo que outros o tivessem esquecido e o tivessem negligenciado, ele havia aprendido por experiência que Deus é fiel. Paulo aprendeu a “contentar-se” com qualquer que fosse sua porção na vida. Isso não era algo natural para ele mais do que é para nós – ele havia “aprendido” isso sob a mão de Deus na escola de Deus. Ele havia provado por experiência que Deus era capaz de sustentá-lo em todas as circunstâncias.
Ter “escassez (JND) (ter pouco) ou “abundar” não é a medida do cuidado de Deus, porque Ele sempre ama e cuida do Seu povo. Se Deus detém Sua mão hoje, é apenas para dar o dobro amanhã. A jornada no deserto e suas experiências apenas provam a fidelidade de Deus para levar Seu povo pelas provações da vida. Em nossas tristezas e dificuldades, aprendemos a extrair os recursos que temos n’Ele – isto é, Seus consolos, Sua bondade, Sua misericórdia, etc. Assim, aprendemos por experiência que Ele é suficiente para todas as coisas na vida, e descobrimos, realmente, quão bom Deus é. O desafio na vida Cristã não é tentar eliminar todas as coisas incômodas de nossas vidas, mas buscar glorificar a Deus nas circunstâncias em que Sua sabedoria nos colocou. As provações e tristezas do deserto não são dadas para nos roubar o nosso gozo no Senhor, mas para provar a Sua fidelidade no meio delas.
Apropriadamente, Paulo conclui dizendo: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (v. 13). Ele não estava se gloriando aqui; estava simplesmente afirmando que, o que quer que a vida lançasse sobre ele, com a fidelidade de Deus trabalhando em seu favor, ele era superior a isso e poderia lidar com tais questões por meio da graça de Deus. Assim, a paz e o gozo de Paulo não dependiam de bens materiais e confortos humanos. Como esse “poder” que lhe permitia viver acima de suas circunstâncias não era dele próprio, mas algo dado a ele, toda a glória iria para aqu’Ele que o dava – “Cristo”.
Vs. 14-20 – Paulo, então, reconhece a graça e bondade deles para com ele: “Todavia fizestes bem em tomar parte [comunicar – KJV] na minha aflição”. (v. 14). Toda essa beneficência será lembrada por Deus e recompensada adequadamente como a simples questão de semear e ceifar (Gl 6:9). Mas Paulo vai mais longe. Ele não apenas reconhece a graça e gentileza deles, ele os louva, dizendo-lhes que se destacaram acima das outras assembleias a esse respeito. “E bem sabeis também vós, ó filipenses, que, no princípio do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja [assembleia – JND] comunicou (qualquer coisa – JND) comigo com respeito a dar e a receber, senão vós somente. Porque também uma e outra vez me mandastes o necessário a Tessalônica” (vs. 15-16). Esta última afirmação é bastante notável. Paulo esteve em Tessalônica somente por três Sábados (At 17:2), mas enquanto estava lá, eles lhe enviaram oferta duas vezes! E isso fizeram de sua profunda pobreza! (2 Co 8:2). Isso mostra a sinceridade deles. Os comentários de Paulo aos filipenses aqui certamente os encorajariam a continuar nessa boa obra.
A oferta deles é uma das duas maneiras pelas quais os Cristãos podem contribuir monetariamente. Existe a oferta coletiva da assembleia, como foi o caso aqui (Fp 4:15-18), e a oferta individual (Gl 6:6). A oferta da assembleia viria da “coleta” feita pelos santos no primeiro dia da semana (1 Co 16:1-3).
Vs. 17-18 – Paulo assegura-lhes que ele não os estava bajulando pela oferta, mas estava desejando que os frutos fossem acumulados na conta deles. Ele diz: Não que procure dádivas, mas procuro o fruto que abunde para a vossa conta. Assim, Paulo estava pensando no ganho espiritual deles, não em seu ganho monetário. É preciso fé por parte de quem dá, para acreditar que Deus levará a sua oferta em conta no céu (Lc 12:33). Mas quando a fé simples está ativa, e acreditamos no que Deus diz sobre recompensar quem dá, faremos isso com prazer. Hudson Taylor disse que o problema que está por trás da falta de apoio da Igreja ao trabalho do Senhor, não é fundos insuficientes, mas fundos não consagrados!
Paulo acrescenta: Mas bastante tenho recebido, e tenho abundância: cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o que da vossa parte me foi enviado, como cheiro de suavidade e sacrifício agradável e aprazível a Deus”. Ao afirmar isso, deixou claro que a oferta deles havia atendido sua necessidade, e não precisava de mais nada deles. Essa observação foi importante porque depois do que ele havia dito sobre dar e receber poderia parecer que estava querendo mais ofertas deles – mas nessa declaração deixou claro que não era necessário. Parece estranho no atual mundo moderno do ministério Cristão encontrar um servo que não suplique aos santos para que lhe deem mais – mas esse era o estado de Paulo. Ele tinha o suficiente e estava contente com isso. Os servos de hoje em dia poderiam tirar daqui uma lição.
Ao fazer referência a “o que” eles enviaram sugere que lhes deram mais do que dinheiro. Sua oferta foi um “sacrifício agradável” a Deus e também algo “aprazível” a Deus. É um dos três tipos de sacrifícios no Cristianismo:

  • DAR LOUVOR – Portanto ofereçamos sempre por Ele a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o Seu nome” (Hb 13:15; 1 Pedro 2:5).
  • DAR MATERIALMENTE – E não vos esqueçais da beneficência e comunicação, porque com tais sacrifícios Deus Se agrada” (Hb 13:16; Fp 4:18).
  • DAR NOSSAS VIDAS (nosso tempo e energia) – “Apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional [inteligente – JND] (Rm 12:1).


Vs. 19-20 – Para encorajar os filipenses no que haviam feito para apoio à obra do Senhor, Paulo não apenas assegurou-lhes que Deus os recompensaria em um dia vindouro, mas que Deus também lhes compensaria o que haviam sacrificado materialmente para apoiá-lo em seu trabalho. Ele disse: O meu Deus, segundo as Suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por [em – ATB] Cristo Jesus. Isso mostra que o velho provérbio “Deus não é devedor do homem” é realmente verdadeiro. Como tem sido frequentemente assinalado, Paulo não disse que Deus supriria todos os seus desejos carnais (se tivessem algum), mas que Ele supriria todas as suas necessidades. E isso seria “segundo as Suas riquezas em glória”, e não de acordo com os desejos terrenos deles, ou com os desejos de Paulo para eles. Ao declarar isso, Paulo reconheceu que Deus sabia o que era melhor para os filipenses e, portanto, ficaria feliz em deixar tudo em Sua mão para supri-los materialmente de acordo com o que Sua perfeita sabedoria julgasse melhor. Paulo diz: “Meu Deus”, não “seu Deus”, porque estava falando da perspectiva da experiência pessoal. Ele havia provado pessoalmente a verdade do versículo 19.
Uma pequena doxologia[1] de louvor estava em ordem aqui, e Paulo, portanto, apropriadamente acrescenta: Ora a nosso Deus e Pai seja dada glória para todo o sempre. Amém (v. 20).


[1] Provém do latim doxologia, que por sua vez vem do termo grego doxa, que significa “opinião” ou “glória”, com o sufixo -logia, que se refere à expressão oral ou escrita. Portanto, “doxologia” é uma expressão oral ou escrita de louvor e glorificação.

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