O Segredo do Contentamento
Vs.
11-13 – Nestas palavras finais da epístola, vemos em Paulo alguém que era
superior às suas circunstâncias. Ele diz: “[Eu] Não digo isto como por
necessidade [privação – KJV], porque já aprendi a contentar-me com o
que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e
em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto
a ter abundância, como a padecer necessidade”. Ao longo de toda esta passagem, Paulo fala no singular.
Ele diz: “eu”, não “nós”. Ele provou
por si mesmo a bondade de Deus. A infalível fidelidade de Deus tinha sido sua
porção diária. Mesmo que outros o tivessem esquecido e o tivessem
negligenciado, ele havia aprendido por experiência que Deus é fiel. Paulo
aprendeu a “contentar-se” com
qualquer que fosse sua porção na vida. Isso não era algo natural para ele mais
do que é para nós – ele havia “aprendido”
isso sob a mão de Deus na escola de Deus. Ele havia provado por experiência que
Deus era capaz de sustentá-lo em todas as circunstâncias.
Ter “escassez” (JND) (ter pouco) ou “abundar” não é a medida do cuidado de
Deus, porque Ele sempre ama e cuida do Seu povo. Se Deus detém Sua mão hoje, é apenas
para dar o dobro amanhã. A jornada no deserto e suas experiências apenas provam
a fidelidade de Deus para levar Seu povo pelas provações da vida. Em
nossas tristezas e dificuldades, aprendemos a extrair os recursos que temos
n’Ele – isto é, Seus consolos, Sua bondade, Sua misericórdia, etc. Assim, aprendemos por experiência
que Ele é suficiente para todas as coisas na vida, e descobrimos, realmente, quão
bom Deus é. O desafio na vida Cristã não é tentar eliminar todas as coisas
incômodas de nossas vidas, mas buscar glorificar a Deus nas circunstâncias em
que Sua sabedoria nos colocou. As provações e tristezas do deserto não são
dadas para nos roubar o nosso gozo no Senhor, mas para provar a Sua fidelidade
no meio delas.
Apropriadamente,
Paulo conclui dizendo: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece”
(v. 13). Ele não estava se
gloriando aqui; estava simplesmente afirmando que, o que quer que a vida
lançasse sobre ele, com a fidelidade de Deus trabalhando em seu favor, ele era
superior a isso e poderia lidar com tais questões por meio da graça de Deus.
Assim, a paz e o gozo de Paulo não dependiam de bens materiais e confortos
humanos. Como esse “poder” que lhe
permitia viver acima de suas circunstâncias não era dele próprio, mas algo dado
a ele, toda a glória iria para aqu’Ele que o dava – “Cristo”.
Vs. 14-20 – Paulo, então,
reconhece a graça e bondade deles para com ele: “Todavia fizestes bem em tomar parte [comunicar – KJV] na minha
aflição”. (v. 14). Toda essa beneficência será lembrada por Deus e recompensada
adequadamente como a simples questão de semear e ceifar (Gl 6:9). Mas Paulo vai
mais longe. Ele não apenas reconhece a graça e gentileza deles, ele os louva, dizendo-lhes que se destacaram
acima das outras assembleias a esse respeito. “E bem sabeis também vós, ó filipenses, que, no princípio do evangelho,
quando parti da Macedônia, nenhuma igreja [assembleia – JND] comunicou (qualquer coisa
– JND) comigo com respeito a dar e a
receber, senão vós somente. Porque também uma e outra vez me mandastes o
necessário a Tessalônica” (vs.
15-16). Esta última afirmação é bastante notável. Paulo esteve em Tessalônica
somente por três Sábados (At 17:2), mas enquanto estava lá, eles lhe enviaram
oferta duas vezes! E isso fizeram de sua profunda pobreza! (2 Co 8:2). Isso
mostra a sinceridade deles. Os comentários de Paulo aos filipenses aqui
certamente os encorajariam a continuar nessa boa obra.
A
oferta deles é uma das duas maneiras pelas quais os Cristãos podem contribuir
monetariamente. Existe a oferta coletiva
da assembleia, como foi o caso aqui (Fp 4:15-18), e a oferta individual (Gl 6:6). A oferta da
assembleia viria da “coleta” feita
pelos santos no primeiro dia da semana (1 Co 16:1-3).
Vs.
17-18 – Paulo assegura-lhes que ele não os estava bajulando pela oferta, mas
estava desejando que os frutos fossem acumulados na conta deles. Ele diz: “Não que procure dádivas, mas procuro o fruto que abunde para
a vossa conta”. Assim, Paulo estava pensando no ganho espiritual deles, não em seu ganho monetário. É preciso fé por parte de
quem dá, para acreditar que Deus levará a sua oferta
em conta no céu (Lc 12:33). Mas
quando a fé simples está ativa, e acreditamos no que Deus diz sobre recompensar
quem dá, faremos isso com prazer. Hudson Taylor disse que o problema que está
por trás da falta de apoio da Igreja ao trabalho do Senhor, não é fundos insuficientes, mas fundos não consagrados!
Paulo
acrescenta: “Mas bastante tenho
recebido, e tenho abundância: cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o
que da vossa parte me foi enviado, como cheiro de suavidade e sacrifício
agradável e aprazível a Deus”. Ao afirmar isso, deixou claro que a
oferta deles havia atendido sua necessidade, e não precisava de mais nada
deles. Essa observação foi importante porque depois do que ele havia dito sobre
dar e receber poderia parecer que estava querendo mais ofertas deles – mas
nessa declaração deixou claro que não era necessário. Parece estranho no atual
mundo moderno do ministério Cristão encontrar um servo que não suplique aos
santos para que lhe deem mais – mas esse era o estado de Paulo. Ele tinha o
suficiente e estava contente com isso. Os servos de hoje em dia poderiam tirar
daqui uma lição.
Ao
fazer referência a “o que” eles
enviaram sugere que lhes deram mais do que dinheiro. Sua oferta foi um “sacrifício agradável” a Deus e também
algo “aprazível” a Deus. É um dos
três tipos de sacrifícios no Cristianismo:
- DAR LOUVOR – “Portanto ofereçamos sempre por Ele a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o Seu nome” (Hb 13:15; 1 Pedro 2:5).
- DAR MATERIALMENTE – “E não vos esqueçais da beneficência e comunicação, porque com tais sacrifícios Deus Se agrada” (Hb 13:16; Fp 4:18).
- DAR NOSSAS VIDAS (nosso tempo e energia) – “Apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional [inteligente – JND]” (Rm 12:1).
Vs.
19-20 – Para encorajar os filipenses no que haviam feito para apoio à obra do
Senhor, Paulo não apenas assegurou-lhes que Deus os recompensaria em um dia
vindouro, mas que Deus também lhes compensaria o que haviam sacrificado
materialmente para apoiá-lo em seu trabalho. Ele disse: “O
meu Deus, segundo as Suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em
glória, por [em – ATB] Cristo Jesus”. Isso mostra que o velho provérbio “Deus não é devedor
do homem” é realmente verdadeiro. Como tem sido frequentemente assinalado,
Paulo não disse que Deus supriria todos os seus desejos carnais (se tivessem algum), mas que Ele supriria todas as
suas necessidades. E isso seria “segundo as Suas riquezas em glória”, e
não de acordo com os desejos terrenos deles, ou com os desejos de Paulo para
eles. Ao declarar isso, Paulo reconheceu que Deus sabia o que era melhor para
os filipenses e, portanto, ficaria feliz em deixar tudo em Sua mão para
supri-los materialmente de acordo com o que Sua perfeita sabedoria julgasse
melhor. Paulo diz: “Meu Deus”, não
“seu Deus”, porque estava falando da perspectiva da experiência pessoal. Ele
havia provado pessoalmente a verdade do versículo 19.
Uma
pequena doxologia[1] de
louvor estava em ordem aqui, e Paulo, portanto, apropriadamente acrescenta: “Ora a nosso Deus e Pai seja dada glória para todo o sempre.
Amém” (v. 20).
[1] Provém do latim doxologia, que por sua vez vem do termo
grego doxa, que significa “opinião”
ou “glória”, com o sufixo -logia, que
se refere à expressão oral ou escrita. Portanto, “doxologia” é uma expressão oral ou escrita de louvor e glorificação.
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