sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Circuncisão Verdadeira - O Corte Completo da Carne


Circuncisão Verdadeira  - O Corte Completo da Carne

Vs. 4-7 – Para ilustrar a verdadeira circuncisão, Paulo menciona sua história pessoal. Ele diz: “Ainda que também podia confiar na carne: se algum outro cuida que pode confiar na carne, ainda mais eu, circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus, segundo a lei, fui fariseu, segundo o zelo, perseguidor da igreja, segundo a justiça que há na lei, irrepreensível. Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo”. Ao ouvir isso, os acusadores de Paulo podem tê-lo acusado de estar orgulhoso do que havia desistido pelo Senhor. Mas não foi por isso que Paulo mencionou sua história pessoal. Ele a mencionou por duas razões importantes:
Em primeiro lugar, foi para mostrar que a verdadeira circuncisão envolve um corte completo da carne, o que sua vida demonstra claramente. Deus julgou a carne em sua totalidade na cruz (Rm 6:6, 8:3; Cl. 2:11). Isso incluía as chamadas “boas” coisas que a carne poderia fazer, assim como as coisas “ruins”. Sendo assim, Paulo recusou a carne em todos os aspectos de sua vida, não apenas em suas formas mais grosseiras.
Se houvesse um caso em que se pudesse confiar na carne de uma pessoa para fazer coisas “boas” e agradar a Deus, teria sido em Saulo de Tarso. Sua vida exibia “o melhor da carne”. Sua carne esteva sob cultivo divino desde o nascimento. Ele nasceu sob a lei e foi criado em um relacionamento de aliança com Jeová, e na mais rigorosa seita do judaísmo – os fariseus. No que dizia respeito à sua consciência, ele achava que havia guardado os justos requisitos da Lei de maneira irrepreensível. Em busca de uma vida na religião, ele se esforçou para ser um homem proeminente no judaísmo e ter a aclamação e notoriedade que o acompanhavam. Outros poderiam gloriar-se de realizações nessa religião, mas ele poderia dizer “ainda mais eu”. Falando em vanglória (importância própria), este homem estava cheio dela em seus dias anteriores à sua conversão! Ele era um “homem arrogante e insolente” (1 Tm 1:13 – JND).
Assim, as credenciais de Paulo, no que diz respeito à carne, eram tão boas quanto possíveis. Mas, na realidade, diante de Deus, ele era um fanático religioso que estava cheio de orgulho hipócrita. Certamente ele não viu isso desta forma naquela época. Ele realmente achou que estava agradando a Deus! Mas isso apenas nos mostra quão indigna de confiança e enganosa é a carne. A vida de Paulo prova que a carne pode estar envolta em atividades religiosas e ainda assim ser muito enganadora. De fato, o orgulho espiritual que leva uma pessoa a buscar um lugar de importância entre os homens em um contexto religioso é geralmente o tipo mais difícil de orgulho de se identificar em si mesmo. Outros verão isso em nós, mas, infelizmente, nós geralmente não conseguimos detectá-lo. Paulo dá uma lista de algumas coisas religiosas das quais orgulhosamente se gloriava antes de se converter, as quais o cegavam quanto ao seu verdadeiro estado: 
  • “Circuncidado ao oitavo dia” – O rito exterior da circuncisão literal era o sinal de uma pessoa estar em um relacionamento de aliança com Deus. Esse é o orgulho do relacionamento.
  • Da linhagem de Israel” – Esse o é orgulho racial.
  • “Da tribo de Benjamim” – Essa é uma referência à fidelidade desta tribo por ficar com Judá no tempo em que a nação se dividiu em dois reinos sob Roboão e Jeroboão. É orgulho da fidelidade.
  • “Hebreu de Hebreus” – Esse é o orgulho da linhagem familiar.
  • “Segundo a Lei, Fariseu” – Esse é o orgulho da ortodoxia (conformidade religiosa).
  • Segundo o zelo, perseguidor da igreja” – Esse é o orgulho do zelo religioso.
  • Segundo a justiça que há na lei, irrepreensível” – Esse é o orgulho da moralidade. 
Saulo de Tarso era um bom exemplo de retidão religiosa, mas, como mencionado acima, tudo era apenas orgulho. O que ele precisava aprender (e o que precisamos aprender também) era que todo o homem, por mais firme que esteja, é totalmente vaidade (Sl 39:5b), e que todas aquelas chamadas “boas” coisas que havia feito com exatidão religiosa tinham sido julgadas por Deus na cruz, e eram totalmente inúteis aos Seus olhos. Pela soberana graça de Deus, isso aconteceu de maneira dramática quando ele foi a Damasco (At 9).

E assim os conselhos eternos correram,
"Amor Onipotente, prenda aquele homem!"
                             Hinário “Echoes of Grace” nº 88

Duas coisas aconteceram naquele dia notável: “uma luz” do céu brilhou sobre Paulo e ele ouviu “uma voz” do céu o chamando. De uma só vez, ele fez uma dupla descoberta: a luz fez com que se visse como Deus o via – como pecador! A voz que o chamava tornou-o consciente de que Jesus de Nazaré era de fato Cristo, o Salvador dos pecadores! Assim, o chefe dos pecadores encontrou o Salvador dos pecadores e, imediatamente, confessou-O como seu “Senhor!”.
Paulo ficou três dias sem visão. Durante esse tempo, antes de receber o Espírito Santo, ele passou pela experiência descrita em Romanos 7:7-25. Naqueles três dias, ele aprendeu na presença de Deus que toda a carne é irremediavelmente má e totalmente indigna de confiança. Ele emergiu dessa experiência dizendo: Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum (Rm 7:18). Ele aprendeu que não havia uma coisa sequer em sua carne que fosse boa. Seja a vileza da carne ou a carne em um contexto religioso, todos os aspectos dela são incuravelmente maus e, portanto, devem ser recusados em todos os sentidos na vida Cristã prática. Esse é o verdadeiro significado da “circuncisão” da qual Paulo fala no versículo 3.
A segunda razão pela qual Paulo menciona sua história pessoal foi para mostrar que aprender a “não confiar na carne” não precisa necessariamente levar muito tempo. Não precisa ser algo longo e demorado. O caso do próprio Paulo mostra que isso pode ser aprendido de uma forma muito profunda em um período muito curto de tempo. Ele aprendeu esta grande lição em três dias! Tal é a experiência do Cristianismo normal. Embora isso seja um fato, a maioria de nós demora a acreditar no testemunho de Deus a respeito da carne, e muitas vezes leva algum tempo e experiência antes que estejamos dispostos a aceitar o que Deus disse sobre a carne e não depositar mais confiança nela. Isso mostra que uma coisa é concordar mentalmente com essas coisas como questão de doutrina, e outra bem diferente é conhecer essa verdade na prática.
F. B. Hole disse: “Mas muito tempo é normalmente gasto em aprender a não confiar na carne e não dar a ela um 'voto de confiança'. Que experiências muitas vezes se têm de passar! Os tipos de experiências a que nos referimos estão detalhados para nós em Romanos 7, e a lição é uma, que não pode ser aprendida meramente em teoria, deve ser aprendida por experiência. Não é necessário que demoremos muito tempo para aprender a lição, mas, na verdade, geralmente o fazemos.... Assim que terminaram os três dias de sua cegueira [de Paulo], ele começou a se gloriar em Cristo Jesus. Nesses três dias esta grande lição foi aprendida” (Philippians, págs. 78-79).

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