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sábado, 22 de setembro de 2018
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sexta-feira, 21 de setembro de 2018
Saudações Finais de Paulo
Saudações Finais de Paulo
Vs.
21-23 – No encerramento, Paulo enviou suas saudações a “todos os santos” em Filipos, e também lhes transmitiu os cumprimentos
dos santos de Roma – e com menção “especialmente
os da casa de César!” O evangelho de algum modo alcançou os servos na casa
do imperador e eles foram salvos! Tal é a graça de Deus! Assim, precisamos da
misericórdia de Deus para suprir nossas necessidades corporais e “a graça de nosso Senhor Jesus Cristo”
para manter nossos espíritos.
O Segredo do Contentamento
O Segredo do Contentamento
Vs.
11-13 – Nestas palavras finais da epístola, vemos em Paulo alguém que era
superior às suas circunstâncias. Ele diz: “[Eu] Não digo isto como por
necessidade [privação – KJV], porque já aprendi a contentar-me com o
que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e
em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto
a ter abundância, como a padecer necessidade”. Ao longo de toda esta passagem, Paulo fala no singular.
Ele diz: “eu”, não “nós”. Ele provou
por si mesmo a bondade de Deus. A infalível fidelidade de Deus tinha sido sua
porção diária. Mesmo que outros o tivessem esquecido e o tivessem
negligenciado, ele havia aprendido por experiência que Deus é fiel. Paulo
aprendeu a “contentar-se” com
qualquer que fosse sua porção na vida. Isso não era algo natural para ele mais
do que é para nós – ele havia “aprendido”
isso sob a mão de Deus na escola de Deus. Ele havia provado por experiência que
Deus era capaz de sustentá-lo em todas as circunstâncias.
Ter “escassez” (JND) (ter pouco) ou “abundar” não é a medida do cuidado de
Deus, porque Ele sempre ama e cuida do Seu povo. Se Deus detém Sua mão hoje, é apenas
para dar o dobro amanhã. A jornada no deserto e suas experiências apenas provam
a fidelidade de Deus para levar Seu povo pelas provações da vida. Em
nossas tristezas e dificuldades, aprendemos a extrair os recursos que temos
n’Ele – isto é, Seus consolos, Sua bondade, Sua misericórdia, etc. Assim, aprendemos por experiência
que Ele é suficiente para todas as coisas na vida, e descobrimos, realmente, quão
bom Deus é. O desafio na vida Cristã não é tentar eliminar todas as coisas
incômodas de nossas vidas, mas buscar glorificar a Deus nas circunstâncias em
que Sua sabedoria nos colocou. As provações e tristezas do deserto não são
dadas para nos roubar o nosso gozo no Senhor, mas para provar a Sua fidelidade
no meio delas.
Apropriadamente,
Paulo conclui dizendo: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece”
(v. 13). Ele não estava se
gloriando aqui; estava simplesmente afirmando que, o que quer que a vida
lançasse sobre ele, com a fidelidade de Deus trabalhando em seu favor, ele era
superior a isso e poderia lidar com tais questões por meio da graça de Deus.
Assim, a paz e o gozo de Paulo não dependiam de bens materiais e confortos
humanos. Como esse “poder” que lhe
permitia viver acima de suas circunstâncias não era dele próprio, mas algo dado
a ele, toda a glória iria para aqu’Ele que o dava – “Cristo”.
Vs. 14-20 – Paulo, então,
reconhece a graça e bondade deles para com ele: “Todavia fizestes bem em tomar parte [comunicar – KJV] na minha
aflição”. (v. 14). Toda essa beneficência será lembrada por Deus e recompensada
adequadamente como a simples questão de semear e ceifar (Gl 6:9). Mas Paulo vai
mais longe. Ele não apenas reconhece a graça e gentileza deles, ele os louva, dizendo-lhes que se destacaram
acima das outras assembleias a esse respeito. “E bem sabeis também vós, ó filipenses, que, no princípio do evangelho,
quando parti da Macedônia, nenhuma igreja [assembleia – JND] comunicou (qualquer coisa
– JND) comigo com respeito a dar e a
receber, senão vós somente. Porque também uma e outra vez me mandastes o
necessário a Tessalônica” (vs.
15-16). Esta última afirmação é bastante notável. Paulo esteve em Tessalônica
somente por três Sábados (At 17:2), mas enquanto estava lá, eles lhe enviaram
oferta duas vezes! E isso fizeram de sua profunda pobreza! (2 Co 8:2). Isso
mostra a sinceridade deles. Os comentários de Paulo aos filipenses aqui
certamente os encorajariam a continuar nessa boa obra.
A
oferta deles é uma das duas maneiras pelas quais os Cristãos podem contribuir
monetariamente. Existe a oferta coletiva
da assembleia, como foi o caso aqui (Fp 4:15-18), e a oferta individual (Gl 6:6). A oferta da
assembleia viria da “coleta” feita
pelos santos no primeiro dia da semana (1 Co 16:1-3).
Vs.
17-18 – Paulo assegura-lhes que ele não os estava bajulando pela oferta, mas
estava desejando que os frutos fossem acumulados na conta deles. Ele diz: “Não que procure dádivas, mas procuro o fruto que abunde para
a vossa conta”. Assim, Paulo estava pensando no ganho espiritual deles, não em seu ganho monetário. É preciso fé por parte de
quem dá, para acreditar que Deus levará a sua oferta
em conta no céu (Lc 12:33). Mas
quando a fé simples está ativa, e acreditamos no que Deus diz sobre recompensar
quem dá, faremos isso com prazer. Hudson Taylor disse que o problema que está
por trás da falta de apoio da Igreja ao trabalho do Senhor, não é fundos insuficientes, mas fundos não consagrados!
Paulo
acrescenta: “Mas bastante tenho
recebido, e tenho abundância: cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o
que da vossa parte me foi enviado, como cheiro de suavidade e sacrifício
agradável e aprazível a Deus”. Ao afirmar isso, deixou claro que a
oferta deles havia atendido sua necessidade, e não precisava de mais nada
deles. Essa observação foi importante porque depois do que ele havia dito sobre
dar e receber poderia parecer que estava querendo mais ofertas deles – mas
nessa declaração deixou claro que não era necessário. Parece estranho no atual
mundo moderno do ministério Cristão encontrar um servo que não suplique aos
santos para que lhe deem mais – mas esse era o estado de Paulo. Ele tinha o
suficiente e estava contente com isso. Os servos de hoje em dia poderiam tirar
daqui uma lição.
Ao
fazer referência a “o que” eles
enviaram sugere que lhes deram mais do que dinheiro. Sua oferta foi um “sacrifício agradável” a Deus e também
algo “aprazível” a Deus. É um dos
três tipos de sacrifícios no Cristianismo:
- DAR LOUVOR – “Portanto ofereçamos sempre por Ele a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o Seu nome” (Hb 13:15; 1 Pedro 2:5).
- DAR MATERIALMENTE – “E não vos esqueçais da beneficência e comunicação, porque com tais sacrifícios Deus Se agrada” (Hb 13:16; Fp 4:18).
- DAR NOSSAS VIDAS (nosso tempo e energia) – “Apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional [inteligente – JND]” (Rm 12:1).
Vs.
19-20 – Para encorajar os filipenses no que haviam feito para apoio à obra do
Senhor, Paulo não apenas assegurou-lhes que Deus os recompensaria em um dia
vindouro, mas que Deus também lhes compensaria o que haviam sacrificado
materialmente para apoiá-lo em seu trabalho. Ele disse: “O
meu Deus, segundo as Suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em
glória, por [em – ATB] Cristo Jesus”. Isso mostra que o velho provérbio “Deus não é devedor
do homem” é realmente verdadeiro. Como tem sido frequentemente assinalado,
Paulo não disse que Deus supriria todos os seus desejos carnais (se tivessem algum), mas que Ele supriria todas as
suas necessidades. E isso seria “segundo as Suas riquezas em glória”, e
não de acordo com os desejos terrenos deles, ou com os desejos de Paulo para
eles. Ao declarar isso, Paulo reconheceu que Deus sabia o que era melhor para
os filipenses e, portanto, ficaria feliz em deixar tudo em Sua mão para
supri-los materialmente de acordo com o que Sua perfeita sabedoria julgasse
melhor. Paulo diz: “Meu Deus”, não
“seu Deus”, porque estava falando da perspectiva da experiência pessoal. Ele
havia provado pessoalmente a verdade do versículo 19.
Uma
pequena doxologia[1] de
louvor estava em ordem aqui, e Paulo, portanto, apropriadamente acrescenta: “Ora a nosso Deus e Pai seja dada glória para todo o sempre.
Amém” (v. 20).
[1] Provém do latim doxologia, que por sua vez vem do termo
grego doxa, que significa “opinião”
ou “glória”, com o sufixo -logia, que
se refere à expressão oral ou escrita. Portanto, “doxologia” é uma expressão oral ou escrita de louvor e glorificação.
O Reconhecimento de Paulo e o Agradecimento pela Oferta
O Reconhecimento de Paulo e o Agradecimento pela Oferta
Vs.
10-23 – Paulo conclui sua carta fazendo uma referência direta à oferta deles e
sua gratidão por isso. Ele havia citado a oferta algumas vezes mais cedo na
epístola (caps. 1:5, 2:1, 17, 25), mas agora ele formalmente lhes agradece. Ele
diz: “Ora muito me regozijei no Senhor por finalmente reviver a
vossa lembrança de mim [cuidado para comigo – ATB];
pois já vos tínheis lembrado, mas não tínheis tido oportunidade”. É interessante notar que Paulo esperou até o final para
mencionar sua gratidão pela oferta. Isso não foi assim por ser ele indiferente
ao fato, mas porque considerava as coisas que abordou anteriormente na epístola
referentes ao bem-estar espiritual deles, mais importantes do que seu próprio
conforto físico. Isso mostra que Paulo se importava mais com eles do que
consigo mesmo!
Ele
se “regozijou” não porque tivesse
recebido uma oferta dos filipenses, mas porque o amor deles por ele havia “florescido” (KJV) e sido manifesto.
Ele valorizava a oferta, mas valorizava mais
a empatia e amor que estavam por
trás disso. Seu gozo não foi tanto porque havia tido um alívio em suas
circunstâncias, mas porque o amor deles por si tinha “revivido”. Paulo sabia que eles de alguma forma haviam se
esquecido dele, e isto está implicado ao dizer: “Agora por fim...
(KJV)” – isto é, que finalmente
vieram ao seu apoio. Ele gentilmente os reprova nisso, mas então os desculpa
rapidamente, acrescentando: “mas não tínheis tido oportunidade...”.
Resumo da Cura para a Ansiedade
Resumo da Cura para a Ansiedade
- Regozije-se nas coisas que você tem no Senhor.
- Mantenha um espírito de benevolência em todas as circunstâncias e em relação a todas as pessoas.
- Leve ao Senhor em oração tudo o que o incomoda.
- Pense nas características de Cristo em seus irmãos.
- Seja ocupado com as coisas do Senhor.
A Cura para a Ansiedade
A Cura para a Ansiedade
Paulo
passa a apresentar uma série de coisas que poderiam ser chamadas de “A cura
para a ansiedade”. Primeiramente, ele
diz: “Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo,
regozijai-vos”
(v. 4). Assim, devemos manter um espírito de regozijo em todos os momentos.
Esse deveria ser o estado normal da nossa vida diária e isso acontecerá quando
andarmos em comunhão com o Senhor. Isso é importante porque, quando as
dificuldades e as provações da vida surgirem, estaremos em um estado de alma
correto para lidar com elas. Podemos desculpar nossa falta de regozijo e dizer:
“Não posso evitar isso por causa de todas as coisas negativas que continuam
acontecendo comigo”. O Senhor entende nossa fragilidade humana e, quando nos
desanimamos no caminho, Ele derrama o conforto de Deus em nossas almas. Mas, ao
mesmo tempo, a exortação de Paulo aqui mostra que somos responsáveis em fazer
um esforço para manter um estado feliz de alma. Ele coloca sobre nós o dever de
nos regozijarmos “sempre”. É o
estado Cristão normal. Isso não significa que devemos ser insensíveis à
tristeza e aflição, mas que em tempos de tristeza e aflição, essas coisas não
nos farão perder a confiança em Deus (Lc 22:32). Assim, independentemente de
quão sombrias nossas circunstâncias possam ser, podemos sempre nos regozijar no
Senhor.
Em
segundo lugar, Paulo diz: “Seja a vossa moderação [bondade
– JND] conhecida de todos os homens.
Perto está o Senhor” (v. 5 – ARA). Outras traduções trazem a palavra “moderação” como “equidade” (ARC) ou “mansidão”
(ATB). Isso indica que devemos viver num espírito de equidade ou mansidão que
aceita nossas circunstâncias vindas de Deus sem resistência e rebelião. Saber
que “todas as coisas
contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus” nos ajuda a nos submetermos ao que o Senhor permitiu em
nossa vida (Rm 8:28).
A
nota de rodapé da Tradução do J. N. Darby diz que uma leitura alternativa para “moderação” poderia ser “não insistindo em seus direitos”. Isso
sugere que podemos estar em uma situação na qual sentimos que alguém levou
vantagem sobre nós e sermos tentados a reivindicarmos nossos direitos e contra-atacar.
Paulo explica que não precisamos ficar agitados em tais circunstâncias, e
sentirmos que temos de fazer algo a respeito – porque “perto está o Senhor!” Ele está prestes a voltar a qualquer
momento, e sabendo disso, podemos deixar tudo para Ele resolver corretamente.
H. Smith disse: “Em Seu próprio tempo, o Senhor tratará com todo o mal e trará
toda a bênção; Sua vinda está próxima. Não é para os crentes, então, interferir
no governo do mundo, nem reivindicar seus direitos e lutar por eles” (The Epistle to the Philippians, pág.
23).
“Perto
está o Senhor” foi uma palavra de ordem usada
entre os Cristãos do primeiro século para animar um ao outro no caminho.
Era-lhes um lembrete bem-vindo de que a vinda do Senhor estava próxima. Paulo
usou em 1 Coríntios 16:22 uma transliteração grega da sua forma aramaica,
quando disse: “Maranata”. Isto
significa “Ó vem Senhor”. Seu ponto
em usá-la aqui em Filipenses 4 é mostrar que podemos nos permitir ceder nas
situações difíceis da vida – mesmo que algumas pessoas tenham sido injustas
conosco – porque o Senhor está vindo, e então Ele acertará tudo. Em vista da
proximidade da vinda do Senhor, nossas diferenças e disputas são
insignificantes e triviais. Além disso, a pessoa que é caracterizada pela
brandura e complacência de que
Paulo fala aqui, não é capaz de provocar conflitos entre seus irmãos. Um
espírito manso promove a unidade e a paz. Por outro lado, uma pessoa com um
espírito inflexível, que está sempre insistindo em seus direitos (reais ou
imaginários), será uma pessoa de difícil convivência na assembleia. Esta pode
ter sido a raiz do problema em Filipos.
Vs.
6-9 – Em terceiro lugar, devemos
levar tudo a Deus em oração em nossas vidas – e particularmente aquelas coisas
que nos são problemáticas e perturbadoras. Ele diz: “Não
estejais inquietos [ansiosos – ARA] por coisa
alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela
oração e súplica, com ação de graças” (v. 6). Assim, Deus quer que estejamos livres de cuidados. Isso não
significa que podemos ser descuidados em nossas responsabilidades na vida;
Paulo está falando sobre ser livre de agitação, aflição e preocupação. Deus
quer que sejamos despreocupados, não descuidados. Devemos entregar nossos
fardos e cuidados ao Senhor em oração. Ele quer que os lancemos todos sobre Ele
(1 Pe 5:7; Sl 55:22). A palavra “tudo”
neste versículo quer dizer tanto coisas grandes, quanto pequenas. Não há nada
muito pequeno para se levar ao Senhor em oração.
Que amigo temos em Jesus,
Todos os nossos pecados e tristezas a
suportar:
Que privilégio levar
Tudo a Deus em oração!
Oh, que paz muitas vezes perdemos;
Oh, que dor desnecessária suportamos!
Tudo porque não carregamos
Todas as coisas a Deus em oração.
Hinário “Echoes of Grace” nº 282
“Oração” é uma declaração formal das coisas para
Deus, enquanto que “súplica” é o
contínuo apelo a Ele em relação a um assunto. Assim, oração é geral; súplica é específica. Em súplica, “derramamos”
nossos corações diante d’Ele com rogos sinceros (Sl 62:8; Tg 5:16). Então deve
haver também “ação de graças”.
Agradecer ao Senhor no problema, mesmo antes que Ele tenha respondido,
manifesta fé – e Deus honra a fé (1 Ts 5:18; Hb 11:6).
Além
disso, Paulo nos encoraja a tornar nossas “petições”
conhecidas de Deus concernentes a essas coisas. Nossas petições na oração podem
não ser respondidas da maneira que queríamos que fossem – pois podemos pedir “mal” (Tiago 4: 3) e elas podem não ser
“segundo a Sua vontade” (1 Jo 5:14-
15). Mas há certo consolo em apenas nos aliviar diante do Senhor e fazer nossas
petições serem conhecidas por Ele. Ele prometeu levar Seu povo pelas “águas” profundas da vida (Is 43:2,
63:9) e acalmar nossos espíritos em tempos difíceis – “Multiplicando-se
dentro de mim os meus cuidados, as Tuas consolações recrearam a minha alma” (Sl
94:19). W. Kelly disse: “Próximo está o
Senhor’. Ele ainda não veio, mas você pode ir até Ele agora e colocar todas
as suas petições diante d’Ele, certo de que está próximo; de que Ele está
vindo” (Lectures on Philippians pág.
69). Um resumo do versículo 6 é:
- Ansioso por nada.
- Orando em tudo.
- Grato por qualquer coisa.
O
próprio Senhor disse: “Não andeis
inquietos [em ansiedade – JND]” (Lc 12:29). Preocupar-se e estar
aflito sobre algo problemático em nossas vidas é pecado, porque nega o amor de Deus, a sabedoria de Deus e o poder
de Deus. Isso questiona se Ele, afinal, realmente nos ama, e questiona se
realmente sabe o que está fazendo em nossas vidas, implicando assim que Ele não
é capaz de cuidar de nós, como prometeu fazer.
Vs.
7 – Como mencionado, Deus não promete conceder tudo o que pedimos, mas promete
nos dar Sua paz. Paulo diz: “E a paz de Deus, que
excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos
em Cristo Jesus”. O tipo de paz a que Paulo se refere aqui é algo
prático. Não é o mesmo que “paz com
Deus”, que tem a ver com a nossa aceitação diante de Deus por sermos
justificados pela fé (Rm 5:1). Como crentes no Senhor Jesus Cristo nunca
poderemos perder nossa paz com Deus,
pois ela está inseparavelmente ligada à salvação eterna de nossas almas, que
nunca poderá ser perdida. Mas um crente no Senhor Jesus pode não viver com a
paz de Deus em sua alma e, como
Marta, estará “ansiosa e afadigada com
muitas coisas” (Lc 10:41). Isso ocorre porque ele não entrega seus fardos
ao Senhor em oração, como Paulo ordena aqui.
A
paz de Deus é o estado de tranquilidade no qual o próprio Deus habita. Nada
perturba a paz que rodeia Seu trono. Ele descansa em perfeita calma e em um
estado de serenidade imutável. Nenhuma circunstância na Terra O pode abalar,
pois Ele está acima de tudo. Ele vê e conhece todo o sofrimento, tristeza,
violência, etc., que acontece neste mundo e não é indiferente a isso. Ele
intervirá para colocar tudo em ordem um dia, na Aparição de Cristo. E enquanto
esperamos o nosso chamado para o céu (o Arrebatamento), Deus quer que vivamos
na mesma paz em que Ele mesmo habita, para que nossos corações e mentes não
sejam perturbados pelas coisas problemáticas que surgem em nosso caminho na
Terra.
Paulo
diz que a paz de Deus “guardará vossos
corações e vossos sentimentos [pensamentos
– ATB]”. Note que guardar nossos “corações” é colocado antes de guardar
nossos “sentimentos”. Isso mostra que se nossas afeições
estão corretas – centradas em Cristo – nossos pensamentos estarão corretos também
(Pv 4:23). Assim, ele diz que é “por
meio de Cristo Jesus” (KJV). Se nossas mentes “permanecerem” n’Ele e em Suas coisas, as tempestades da vida podem
soprar, mas nós seremos sustentados em meio a elas (Is 26:3). É uma paz
inexplicável que “excede todo o
entendimento” e é conhecida apenas por aqueles que a experimentam fazendo
essas coisas que Paulo exorta.
“A
paz de Cristo” (Jo 14:27; Cl 3:15) é um aspecto
ligeiramente diferente da paz prática. Refere-se à paz em que o próprio Senhor viveu quando andou por este
mundo. Ninguém viu problemas como Ele viu e ninguém sofreu como Ele. A
animosidade que Ele sofreu devido ao ódio e à rejeição dos homens pesou sobre o
Seu coração. No entanto, Ele tomou tudo em perfeita calma, sem ser indiferente.
Essa calma veio de Sua aceitação dessas circunstâncias vindas da mão de Seu Pai
em perfeita submissão (Mt 11:26). Ao deixar este mundo, Ele prometeu dar esta
paz aos Seus seguidores (Jo 14:27) porque eles teriam de passar pelo mesmo
mundo hostil. A diferença entre “a paz
de Cristo” e “a paz de Deus” é
que a paz de Deus resulta de levarmos nossos problemas e dificuldades para Deus em oração; enquanto a paz de
Cristo resulta de aceitarmos nossos problemas e dificuldades vindos de Deus em submissão.
V.
8 – Em quarto lugar, depois de
entregarmos nossos problemas ao Senhor em oração, devemos conscientemente
voltar nossos pensamentos para coisas melhores e mais excelentes, e pensar
nelas. Paulo diz: “Quanto ao mais,
irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto [nobre – JND], tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável [agradável – JND], tudo o que
é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum
louvor, nisso pensai”. “Nisso” que Paulo nos exorta a pensar
não são exatamente os gozos naturais da Terra para os quais devamos voltar
nossos pensamentos para nos regozijar, mas as excelências morais de Cristo.
Todas estas coisas foram encontradas n’Ele em perfeição quando andou aqui na Terra.
No entanto, o contexto da epístola – que tem muito a ver com a paz e a unidade
entre os santos – sugere que é para estarmos pensando nessas qualidades morais,
não tanto como são encontradas em Cristo pessoalmente, mas como são encontradas
em nossos irmãos. Assim, não devemos nos remoer sobre as imperfeições e
particularidades pessoais de nossos irmãos que podem nos irritar, mas sim “pensar” nas características de Cristo
que Deus está formando neles. Seja qual for a excelência moral que neles exista
e qualquer “louvor” que mereça, devemos
pensar nessas coisas. Tendo em vista o fato de termos mentes errantes que
geralmente tendem para coisas negativas, C. H. Brown disse que talvez tenhamos
de recompor nossos pensamentos 50 vezes por dia.
V.
9 – Por fim, devemos seguir o exemplo
de Paulo e estarmos ocupados usando nosso tempo e energia no serviço do Senhor.
Ele diz: “O que também
aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso fazei; e o
Deus de paz será convosco”. Estar ocupado no serviço do Senhor é
importante porque a ociosidade só dá oportunidade para os nossos pensamentos
voltarem às nossas dificuldades e problemas. Talvez todos já tenhamos dito uma
vez ou outra: “Eu tentei pensar em coisas boas e felizes, mas as coisas
perturbadoras que me incomodam continuam voltando à minha mente”. Isso
geralmente é dito por alguém que não está ocupado o suficiente. A resposta é
manter-se ocupado nas coisas do Senhor. Há muito que se fazer. O próprio Senhor
disse: “Levantai os vossos olhos, e vede as terras, que já estão
brancas para a ceifa”. (Jo 4:35).
A
promessa aqui é que teremos também “o
Deus de paz” conosco em nossas circunstâncias. Isto é, Ele nos concederá um
sentido especial de Sua presença e nos manterá indo adiante – mesmo nos
momentos mais difíceis. Compare Daniel 3:24-25. W. Scott disse: “Oh! Ter a Ele
como seu companheiro de viagem; constantemente ao seu lado; seu Guia; Guardião
e Amigo – o Deus de paz!” (Young
Christian, vol. 5, pág. 128). Quando vivemos na presença consciente do “Deus de paz”, quem ou o que pode nos
incomodar? Esta é a receita de Deus para a paz em nossas presentes
circunstâncias.
Paz nas Circunstâncias Presentes
Paz nas Circunstâncias Presentes
Vs.
4-9 – O assunto de Cristo sendo o poder ou força para a vida Cristã começa
propriamente no versículo 4. Paulo agora oferece um afetuoso adendo às suas
observações sobre a união entre os irmãos. Esta próxima série de versículos têm
a ver com ter paz em nossas circunstâncias atuais. À primeira vista, pode
parecer que está mudando de assunto, mas o que ele acrescenta aqui está
relacionado ao que foi acima mencionado.
Todos
concordarão que há muitas coisas que testam e provam nossos espíritos na vida
cotidiana no planeta Terra. Mas Deus não quer que vivamos com apreensão e
ansiedade, como os outros homens, e nos proveu um meio pelo qual podemos viver
livres das tensões da vida, e assim sermos capazes de cuidar das coisas do
Senhor sem distração. Quando um crente não está em paz consigo mesmo e com suas
circunstâncias pessoais, é provável que leve consigo sua ansiedade, impaciência
e frustração aonde quer que vá – em sua vida doméstica, no local de trabalho e
na assembleia. E se for assim, ele provavelmente será uma fonte de agitação
entre seus irmãos e poderá perturbar a paz na assembleia. Deus antecipou este
problema e nesta próxima série de versículo Paulo nos dá a maneira pela qual
podemos viver livres de ansiedade.
Paz entre Irmãos
Paz entre Irmãos
Vs.
1-3 – Antes de falar sobre isso, Paulo retoma e conclui aqui suas exortações
aos filipenses no capítulo 2 sobre a crescente dissensão em seu meio. Como
observado anteriormente, o capítulo 3 é um parêntese e, portanto, os três
primeiros versículos do capítulo 4 são uma conclusão apropriada para o assunto.
Ao
abordar o problema da cisão em seu meio, Paulo primeiro assegura aos filipenses o
lugar que tinham em suas afeições, e então passa a rogar-lhes com “a mansidão e benignidade de Cristo” (2
Co 10:1). Isso é sabedoria; ele prepararia os filipenses para receber o que
estava prestes a dizer. Assim, prossegue com expressões de profunda afeição: “Portanto, meus amados e mui queridos
irmãos, minha alegria [gozo –
JND] e coroa, estai assim firmes no
Senhor, amados”. Ele “ansiava” (JND)
ver os filipenses e fala deles como seu presente
“gozo”, e no tribunal de Cristo, sua
futura “coroa”. Assim, o servo do Senhor olha para o tribunal e vê o fruto
de seus labores e seus convertidos lá (1 Ts 2:19).
Em
vista da perseguição que estavam experimentando de homens descrentes de fora (cap. 1:28) e do ensino subversivo
dos judaizantes de dentro do rol
Cristão (cap. 3:2), Paulo exortou os filipenses a “estar assim firmes no Senhor”. Ele não lhes pediu que
permanecessem firmes em suas próprias forças, mas no Senhor. Quando na prática nos
colocamos sob Seu Senhorio, podemos esperar ter o Seu apoio na busca de sermos
fiéis. Paulo desejou que fizessem exatamente isso e se valessem da ajuda divina
para permanecer em pé. Note que ele não disse: “Permaneçam firmes na reunião!”
– fazendo assim da participação nas reuniões da assembleia o objetivo. Embora a
participação regular nas reuniões da assembleia seja importante (Hb 10:25), se
o nossa firmeza não estiver “no Senhor”
e ser resultante do poder constrangedor de Seu amor (2 Co 5:14-15), tal comentário
colocaria a participação nas reuniões à frente do Senhor. Isso tende a tornar a
participação nas reuniões uma coisa legalista, e se fosse esse o caso, nossas
convicções a respeito de assistirmos às reuniões poderiam falhar a qualquer
momento.
Nos
capítulos anteriores da epístola, Paulo não apontou seu dedo para o problema da
dissensão diretamente, mas tocou em coisas que, se consideradas, produziriam
unidade na assembleia. Esses princípios que têm a ver com a unidade foram a
base para sua palavra final de exortação aqui. Paulo conhecia a situação em
Filipos e tinha em seu coração desde o início, as duas irmãs que estavam por
trás do problema, mas agora se dirige a elas diretamente pelos nomes. Ele
exorta: “Rogo a Evódia, e rogo a Síntique, que sintam o mesmo no
Senhor”. Essas irmãs de alguma forma se desentenderam. Elas provavelmente tiveram
uma diferença de opinião sobre algum assunto e isso as dividiu. Paulo insistiu
em que resolvessem isso, não por meio de algum arranjo humano, mas “no Senhor”. Assim, deveriam se
submeter à autoridade do Senhor quando a mente d’Ele se fizesse conhecida no
assunto. Para ajudá-las a alcançar esse fim, Paulo roga a seu “verdadeiro companheiro” que “ajude” no assunto, dando seu piedoso conselho.
A maioria dos expositores diz que Paulo estava provavelmente se referindo a
Epafrodito. Vemos a sabedoria de Deus em mencionar o envolvimento do
companheiro. Ao pedir-lhe para intervir, e incluindo-o na carta, as duas irmãs
não poderiam acusá-lo de se intrometer no problema delas – ele fora solicitado
pelo apóstolo a fazê-lo! Parece que Paulo sabia que seu companheiro tinha exata
ciência do problema e podia contar com ele para ajudá-las a resolver o assunto.
Paulo
disse que aquelas irmãs “trabalharam”
com ele “no evangelho”. Isso não
significa que elas subiram ao púlpito e pregaram para um público, como Paulo
talvez tenha feito. Tal conduta é contrária ao que ensinou em 1 Coríntios
14:34-35 e 1 Timóteo 2:12. O ensino público e a pregação não são uma obra que
Deus deu às irmãs no serviço Cristão, mas as irmãs certamente têm um papel
importante no trabalho do evangelho. Elas têm acesso a situações que os homens
não têm e podem compartilhar as boas notícias em um nível pessoal, o que
geralmente é o meio mais eficaz.
Paulo
menciona que os nomes de seus “cooperadores”
estavam no “livro da vida” – na
verdade, os nomes de todos os santos estão lá!
Crentes meramente professos, em certo sentido, escrevem seus nomes lá também ao
professarem ter vida – mas como não são crentes verdadeiros, seus nomes serão apagados. Quando o Senhor estava
na cruz, orou para que Deus riscasse do livro os nomes daqueles que são infiéis
(Sl 69:28). No momento em que o julgamento do grande trono branco ocorrer,
todos esses nomes terão sido removidos, e apenas os nomes dos verdadeiros
estarão lá. Se Deus escreveu o nome de uma pessoa no livro da vida, é porque
ela é um verdadeiro crente, e seu nome nunca será apagado (Ap 3:5). (Ver Collected Writings of J. N. Darby, vol.
26, págs. 243-244.)
Não
temos registro de que essa disputa em Filipos tenha sido resolvida. No entanto,
o propósito de ser registrada nas Escrituras é dar à Igreja, como um todo, o
remédio de Deus para conflitos internos e disputas dentro de uma assembleia.
CRISTO – O PODER DA VIDA CRISTÃ Capítulo 4
CRISTO – O
PODER DA VIDA CRISTÃ Capítulo
4
Neste
capítulo, Paulo fala de Cristo como aqu’Ele que fortalece o crente e o capacita
a elevar-se acima das inúmeras adversidades que enfrenta no caminho da fé (v.
13). Assim, o Cristão que fez de Cristo, em glória, o seu Objeto, como mostrado
no capítulo 3, é visto no capítulo 4 como sendo superior às suas
circunstâncias. Estando em um estado de “sentir
o mesmo”, o Espírito Santo tem a liberdade de aumentar a capacidade do
crente para as coisas divinas. E quando o crente é tomado por essas coisas, seu
espírito é elevado acima das difíceis circunstâncias da vida e fortalecido no
caminho. Vivendo com tal apoio divino, o crente é liberto dos cuidados desta
vida e fica em paz e, portanto, contente em suas circunstâncias – não
importando quais sejam. O que os homens podem fazer com alguém assim? Podem
tirar seu dinheiro, suas posses terrenas, até mesmo sua liberdade, mas nenhuma
dessas coisas perturba sua paz e gozo – ele continua se regozijando no Senhor!
Não é que seja insensível às suas necessidades terrenas, mas que seu gozo não
depende de suas circunstâncias. E, se os homens o matassem, eles só o mandariam
para onde ele queria ir! Assim, vivendo em tal estado, o crente é superior às
suas circunstâncias. Novamente, isso é apresentado a partir da perspectiva da
experiência do próprio Paulo com o Senhor, mas também pode ser a experiência de
todos os Cristãos que sentem o mesmo.
O Desfecho Divino do Caminho Cristão – Glorificação
O Desfecho Divino do Caminho
Cristão – Glorificação
Vs.
20-21 – O capítulo termina com Paulo observando dois fins distintos daqueles na
profissão Cristã. No versículo 19, ele falou do destino daqueles que eram
professantes, de mente terrenal, afirmando que seu “fim é a perdição” (v. 19). Sendo que eles não têm fé, são
corruptores da casa de Deus, e como tal, eles serão julgados (1 Co 3:17). Agora
nos versículos 20-21, ele fala do destino dos verdadeiros crentes. Ele diz: “Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o
Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Que transformará o nosso corpo abatido, para
ser conforme o Seu corpo glorioso, segundo o Seu eficaz poder de sujeitar
também a Si todas as coisas”. Não poderia haver um contraste maior. O
professante sem vida terá sua porção sob condenação no inferno, e o crente terá
sua porção com e como Cristo no céu! Este é o prêmio que espera cada santo de Deus.
Nós
podemos ser cidadãos de algum país da Terra, mas nossa verdadeira “cidade” [pátria – ATB] está no céu. É nossa pátria e nosso lar. Estamos
simplesmente esperando o “Salvador”
vir e nos levar até lá. Este é um aspecto futuro
da salvação que todos os crentes experimentarão quando acontecer o
Arrebatamento (Rm 13:11; Hb 9:28; 1 Pe 1:5). Paulo explica que não iremos para
casa no céu na condição em que nossos corpos estão atualmente. Deve haver
necessariamente uma transformação física pela qual nosso “corpo de humilhação” (JND) será “transformado” à semelhança do “Seu
corpo glorioso” (1 Co 15:51-56). Isso tem a ver com os corpos dos santos
tendo Sua semelhança em essência; cada um de nós conservará a aparência
individual e, assim, será reconhecido como tal – como os discípulos
reconheceram Moisés e Elias no monte da transfiguração (Lc 9:30).
A
KJV diz: “Nosso corpo vil [abatido –
ARC]”, mas isso poderia ser
enganoso. Embora “vil” pudesse ter
sido uma palavra aceitável de ser usar 400 anos atrás (quando a tradução foi
feita), hoje a palavra transmite um pensamento diferente. Uma tradução melhor
é: “corpo de humilhação” (ARA). Nossos
corpos se tornaram assim por causa da queda de Adão e dos efeitos resultantes
do pecado na criação. Consequentemente, nossos corpos estão sujeitos a doenças,
decadência e morte (Ec 12:1-7). No sentido moderno da palavra, não há nada vil
ou mal em relação ao corpo humano; o mal está no emprego incorreto ao qual o
corpo é submetido. Assim, nunca se diz que o corpo humano é pecaminoso.
(Romanos 6:6 fala do “corpo do pecado”,
mas não está se referindo ao corpo humano, mas sim à totalidade do pecado como
um sistema na criação. Usando a palavra “corpo”
como Paulo faz em Romanos 6:6, poderíamos dizer da mesma forma: “O corpo de um rio”, ou “O corpo do conhecimento científico”, etc.)
Nossos corpos humanos estiveram envolvidos em muitos atos pecaminosos (pelos quais
somos responsáveis), mas não é dito que eles sejam pecadores em si mesmos. Se
nossos corpos fossem pecadores, não poderiam ser apresentados a Deus para serem
usados no serviço do Senhor (Rm 12:1).
Os
Cristãos frequentemente falam de receber um “novo” corpo quando o Senhor vier, mas isso poderia transmitir a
ideia de que obteremos outro corpo, o
que não é verdade. As Escrituras não dizem que os santos obterão “novos”
corpos, mas sim que seus corpos serão “transformados”
(Jó 14:14; 1 Co 15:51-52; Fp 3:21). O mesmo corpo que foi enterrado será
ressuscitado, mas em uma condição completamente diferente de glorificação. 1
Coríntios 15:42-44 afirma isso claramente. Diz que o mesmo corpo que é “semeado” na terra em sepultamento se
levantará novamente. (Note que apesar de o
sujeito no v. 44 ser indeterminado, ele está se referindo tanto ao sepultar
quanto ao ressuscitar do mesmo corpo). Se os santos receberem um novo, ou outro
corpo, quando o Senhor vier, então, por conclusão lógica, Ele realmente não
ressuscitará os corpos que uma vez viveram. Isso nega a ressurreição. Para
evitar qualquer ideia como essa, as Escrituras têm o cuidado de nunca dizer que
teremos “novos” corpos.
Quando o Senhor andou nesta Terra,
Seu corpo humano não era o de “humilhação”,
nem era um “corpo de glória”. Seu corpo
era santo e imortal (Lc 1:35). Seu corpo não foi glorificado até que
ressuscitasse de entre os mortos. As escrituras dizem que Ele foi “recebido acima em glória – JND” (1 Tm 3:16). Isto é, Ele subiu ao céu
em um estado glorificado.
A atitude correta para o crente é “esperar o Salvador” que está por vir.
Nosso próximo passo é sermos chamados a qualquer momento para longe desta Terra.
PENSAR NAS COISAS TERRENAS (vs. 18-19)
PENSAR NAS COISAS TERRENAS (vs. 18-19)
Paulo fala de um terceiro
estado mental – aqueles que “pensam nas coisas terrenas”. Ele diz: (“Porque
muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo.
Cujo fim é a perdição; cujo
Deus é o ventre, e cuja glória é para confusão deles, que só pensam nas coisas
terrenas”.) Paulo fala desse grupo entre parênteses (JND
e KJV) porque eles não são verdadeiros crentes, como aqueles das outras duas
classes. Isto pode ser visto pelo fato de que ele diz que seu “fim é a perdição”. Eles eram crentes
meramente professantes se movendo no círculo Cristão. Se eles não fossem salvos
enquanto tinham a oportunidade de fazê-lo, passariam para uma eternidade
perdida.
Tão
solenes e sérios eram os movimentos daqueles que pensavam nas coisas terrenas
que Paulo diz aos filipenses que, apenas por ter de lembrá-los dessas pessoas,
ele chorou. É surpreendente que nesta epístola a qual tem um forte tema fundamental
de gozo e regozijo ao longo dela, que Paulo fosse encontrado “chorando”. Mas tal era o caso com
aqueles a quem ele chama, “inimigos da
cruz de Cristo”. Essas pessoas eram os professantes sem vida que absorveram
a doutrina dos mestres judaizantes mencionados no versículo 2. Eles odiaram e
rejeitaram o julgamento de Deus na cruz, sobre a primeira ordem do homem sob Adão
e tinham como objeto a busca das coisas terrenas. Sobre eles Paulo disse “cuja glória é
para confusão [vergonha] deles” (JND). Isto é, eles falam livremente do seu passado sem
pesar ou vergonha. Assim, esses de mente terrena não mostraram nenhum sinal de
arrependimento. (Paulo falou de suas buscas passadas, mas o fez para mostrar
que havia julgado tudo isso).
Enquanto
que essas pessoas eram crentes meramente professantes, e não reais, os
verdadeiros crentes podem ser influenciados por seus caminhos e se tornarem
completamente mundanos. Todos esses não perderão, é claro, a salvação eterna de
suas almas, mas, ao adotarem tais condutas, devem ser advertidos e
repreendidos.
F.
G. Patterson mencionou um tipo desses três estados mentais na profissão Cristã
em seu livro Lectures on the Church of
God (págs. 50-52). Em conexão com a posse da terra de Canaã, as várias
tribos de Israel caíram em três categorias, de acordo com o desejo delas. Havia
duas tribos e meia (Judá, Efraim e meia tribo de Manassés) que queriam o que
lhes fora dado pelo Senhor, e subiram diretamente e tomaram sua herança (Js
15-17). Esses corresponderiam aos Cristãos que “sentem o mesmo”. E também, havia sete tribos (Benjamim, Simeão,
Zebulom, Issacar, Aser, Naftali e Dã) que demoraram a subir para tomar a sua
parte na terra. Esses correspondem aos Cristãos que “sentem de modo diverso”. Eles precisavam de algum estímulo, o que
Josué fez enviando 21 homens (três de cada tribo) para irem à terra e
descreverem as coisas boas que viram num livro. Quando eles voltaram, leram o
livro diante do povo e isso os animou a desejarem a terra agradável. Esta é uma
figura do que o bom ministério fará pelos santos. As sete tribos então se
levantaram e entraram e possuíram sua herança (Js 18-19). Por último, havia
duas tribos e meia (Rúben, Gade e a outra meia tribo de Manassés) que não
queriam Canaã como sua herança, mas escolheram as planícies de Moabe, do outro
lado do Jordão (Js 22). Esses correspondem àqueles que “pensam nas coisas terrenas”.
SENTIR DE MODO DIVERSO (v. 15b-17)
SENTIR DE MODO DIVERSO (v. 15b-17)
Paulo continua e diz: “se sentis alguma coisa de modo diverso,
Deus também vo-lo revelará” (ATB). Isso mostra que ele percebeu que nem
todos os crentes estão no mesmo nível de progresso e resultados em sua
experiência Cristã. Há muitos que estão verdadeiramente seguindo a Cristo, mas
não têm a mesma singularidade de foco em Cristo em glória que Paulo tinha. Ele diz
que esses sentem “de modo diverso”.
A maioria dos Cristãos de hoje provavelmente se enquadra nessa categoria. Tais
não passaram pelos exercícios da alma que levam a ter Cristo como o único
Objeto de suas vidas. Assim, eles têm em suas vidas uma mistura de coisas e
buscas terrenas juntamente com genuína afeição por Cristo. Paulo estava
confiante de que, ao andarem no caminho da fé com Deus, e amadurecerem de
acordo, o Senhor iria lhes “revelar”
que essas buscas terrenas são apenas distrações que atrapalham a alma na busca
de Cristo em glória – e eles as deixariam de lado, como ele o fez. Satanás sabe
disso, e faz tudo o que pode para embaraçar o crente em todo tipo de buscas e
empreendimentos dos quais não é fácil se desvencilhar.
É
maravilhoso ver como Paulo é gracioso em relação àqueles que sentiam de modo
diverso. Ele não os repreende com palavras depreciativas, ou despreza-os por
sua falta de exercício em coisas divinas. Em vez disso, fala-lhes graciosamente
e os encoraja a viver de acordo com o que alcançaram. Ele diz: “Mas, naquilo a que já chegamos, andemos [nos mesmos passos – JND] segundo a mesma regra”. (A declaração que segue, “e sintamos o mesmo”, é encontrada na KJV [e na ARC], mas não tem muita, se é
que tem alguma, autoridade como manuscrito e, consequentemente, é deixada fora
da Tradução de J. N. Darby.) O argumento de Paulo aqui é que apesar de estarmos
todos em níveis diferentes de realização espiritual, todos nós podemos andar
juntos em feliz unidade se todos nós tivermos uma mente voltada para Cristo em
glória.
Este
espírito gracioso é algo necessário enquanto caminhamos com nossos irmãos,
porque há uma tendência a se pressionar aqueles de menor progresso espiritual e
forçá-los a um molde que exteriormente os conforma com o que achamos que um
Cristão deveria ser. Mas se tal coisa não é produzida pelo coração da pessoa
sendo movida pela graça e pelo exercício pessoal, isso resultará em viverem
acima de onde realmente estão em suas almas. A vida Cristã se tornará algo
legalista para eles. Em nosso zelo para vê-los seguir em frente e sentir o
mesmo com Paulo, podemos inadvertidamente colocá-los em um lugar de perigo onde
poderiam ter um naufrágio espiritual. Em vez de colocar cargas sobre eles e
exortá-los a viver coisas além de onde realmente estão em suas almas,
precisamos seguir o exemplo de Paulo. Ele encorajou todos os tais a andarem com
o Senhor naquilo que eles “já haviam
alcançado”, e deixou para Deus “revelar”
a eles o caminho mais excelente, à medida que cresciam na graça. O espírito de
graça de Paulo para crentes que sentem de modo diverso exemplifica como os
santos mais avançados espiritualmente devem tratar os que têm menos
conhecimento que eles. Se isso fosse seguido em nossas interações diárias entre
um e outro, isso desarmaria muitas lutas e contendas internas em nossa vida de
assembleia.
O
exemplo de Eliseu em seu tratar com Naamã ilustra a sabedoria que devemos ter
em tratar com aqueles que pensam de modo diverso (2 Rs 5:18-19). Quando Naamã
ponderou sobre a questão de entrar na casa de Rimom, Eliseu disse a ele: “Vai em paz”. Ele não disse sim ou não,
mas deixou Naamã com o Senhor, que deixaria claro a ele qual era a coisa certa
a se fazer.
O
conselho de Paulo para todos os crentes que sentem de modo diverso foi: “Sede também meus imitadores, irmãos, e tende cuidado,
segundo o exemplo [modelo] que tendes em nós,
pelos que assim andam” (v. 17). Cristo deveria ser o Objeto
deles, mas eles também tinham Paulo e àqueles que sentiam o mesmo com ele como
seu “modelo” para a vida Cristã.
Isso mostra que a coisa mais útil que podemos fazer pelos santos é continuarmos
com o Senhor. O exemplo é uma influência poderosa para os outros (At 20:20,
35).
SENTIR O MESMO (v. 15a)
SENTIR O MESMO (v.
15a)
Ele diz: “Pelo que todos quantos já somos perfeitos sintamos isto mesmo”. O
modo pelo qual Paulo usa a palavra “perfeito”
nesta passagem pode parecer confuso. No versículo 12, ele havia acabado de falar que
os santos ainda não estavam “aperfeiçoados”
– inclusive ele mesmo. Agora, no versículo 15, ele alude aos santos que são “perfeitos” e inclui a si mesmo. Isso
pode parecer contraditório, mas ele está realmente falando de dois aspectos
diferentes da perfeição. No versículo 12, está em conexão com alcançar o estado
glorificado em que os santos terão plena conformidade com Cristo. Isso ocorrerá
no Arrebatamento (v. 21). No versículo 15, é algo presente em conexão com o ser
adulto ou maduro em coisas divinas.
O ponto de Paulo aqui é que os crentes espiritualmente
maduros manifestarão sua maturidade por sentirem “o mesmo” que ele. Eles terão a mesma singularidade de foco em
suas vidas, porque eles, assim como ele, terão deixado de lado coisas estranhas
e estarão buscando a Cristo em glória como seu único objetivo. Se não somos “perfeitos” nesse sentido, não é um
problema de capacidade, mas de desejo. Se tivermos o desejo, o Espírito
Santo formará a capacidade em nossos corações e estaremos sedentos por mais de
Cristo e de Suas coisas, e isso, por sua vez, resultará em maturidade
espiritual. A capacidade para as coisas divinas não depende de habilidade
natural – como ter recursos intelectuais. Há muitos no caminho Cristão que
possuem consideráveis recursos intelectuais, porém são bastante elementares.
Eles não se desenvolveram espiritualmente como poderiam se tivessem sido mais
dedicados. Consequentemente, eles não estão no estado de sentirem o mesmo, como
Paulo, na vida Cristã prática. No sentido em que Paulo fala aqui de ser
perfeito, até mesmo novos convertidos podem sentir o mesmo. Não é uma questão
de conhecimento, mas de coração.
Três Estados de Espírito em Relação ao Buscar Cristo em Glória
Três Estados de Espírito em Relação
ao Buscar Cristo em Glória
Vs.
15-21 – Nos versículos finais do capítulo 3, Paulo menciona o fato de que em
toda companhia Cristã haverá diferentes estágios de crescimento espiritual e de
progresso entre os santos. Alguns terão sido salvos recentemente e outros
estarão no caminho já há muitos anos. Em condições normais, a mentalidade de
cada um concernente à busca de Cristo em glória será respectivamente variada.
Mas este nem sempre é o caso; às vezes, aqueles que têm estado no caminho já há
algum tempo são bastante elementares em sua apreensão da revelação Cristã e são
subdesenvolvidos espiritualmente, e consequentemente, isso será refletido na
intensidade de sua busca de Cristo em glória. Paulo mostra aqui que, embora
essa variação possa existir, não há razão para que todos na assembleia não
possam caminhar juntos em feliz unidade, e cada um aceitar ao outro onde quer
que esteja em seu progresso espiritual. Se não formos cuidadosos quanto a isso,
Satanás usará essas diferenças para dividir os santos.
Paulo
fala de três estados mentais que
refletem essa diferença entre os santos e exorta cada um de acordo:
Sete Novos Desejos
Sete Novos Desejos
Tendo este novo Objeto em
sua vida, vemos pelo exemplo de Paulo em que resulta ter essa meta, naqueles
com ela ocupados. Ele tinha desejos completamente novos – todos centrados em
Cristo. Estar ocupado com esse novo Objeto produziu uma provisão infinita de
energia que o manteve ativo na carreira Cristã. De acordo com o caráter da
epístola, ele não diz aos filipenses para perseguirem Cristo em glória, mas
sim, fala disso como uma questão de sua própria experiência. Assim, fala da
perspectiva do que isso produziu em sua vida, sabendo que reiterar sua
experiência faria com que eles desejassem o mesmo (Ct 6:1).
Nesta
próxima série de versículos, Paulo fala de sete
novos desejos em sua vida, todos os quais resultaram em ele tendo este novo
Objeto. Estas eram coisas que ele estava insistindo na carreira Cristã:
1) “Para que possa ganhar a Cristo” (v. 8) – Ao afirmar isso, Paulo não estava
dizendo que esperava ganhar a Cristo como seu Salvador, renunciando à sua vida
passada; Cristo tinha sido seu Salvador por 30 anos! Essa é uma ideia católica;
eles erroneamente ensinam que uma pessoa ganha a Cristo e a salvação eterna por
meio de obras. Eles encorajam as pessoas a renunciarem a todas as coisas da
vida e a se retirarem para um mosteiro ou convento, onde se engajam em um
regime de boas obras na esperança de assegurar a salvação de suas almas.
O versículo estando no tempo presente, indica
que o fato de Paulo ter Cristo como seu ganho era um exercício presente, bem
como o que tinha n’Ele ao recebê-lo como seu Salvador muitos anos antes. Paulo
viu aquelas coisas que uma vez perseguiu como um obstáculo aos imensuráveis
benefícios que havia em conhecer e seguir a Cristo. Ele percebeu que para “ganhar” na prática em sua experiência
com Cristo, precisava manter as satisfações carnais, como aquelas que tinha
renunciado, no monturo – e isso é exatamente o que ele fez pelo o resto de seus
dias na Terra.
2) Ser “achado n’Ele, não
tendo a minha justiça” (v. 9) – Esta afirmação não significa que
Paulo não era considerado justo diante de Deus, e estava, portanto,
esforçando-se diligentemente para isso, esperando que um dia, no final de seu
caminho, fosse declarado justo. Novamente, o catolicismo romano ensinaria
assim, mas não as Escrituras. Paulo já era considerado justo diante de Deus
como resultado de ter sido justificado pela fé (Rm 4:5, 5:1). Em vez disso,
Paulo estava se referindo a tê-la como um homem glorificado no dia de Cristo.
Ele não queria estar lá com uma justiça legal que resultasse de suas próprias
obras (se isso fosse possível), mas na justiça que está em Cristo (2 Co 5:21).
Assim, queria estar com Cristo em glória sem ter nada que pudesse apontar que
desse a ele crédito por estar lá, de modo que Cristo recebesse todo o crédito,
e toda a glória e louvor fossem para Ele.
3) “Para conhecê-Lo” (v. 10a) – Enquanto isso, no caminho,
estando com Cristo no estado glorificado, o grande e ardente desejo de Paulo
era conhecer a Cristo mais intimamente. Note que ele não disse que queria saber
coisas sobre Ele, em relação a fatos,
mas sim que ele pudesse conhecer a Cristo. Isto se refere a um conhecimento
pessoal de Cristo que só vem por meio da experiência de andar com Ele nas
circunstâncias da vida.
4) “E à virtude [poder – ATB] da Sua ressurreição” (v. 10b) – Tem havido algum debate
entre os expositores sobre se isso está se referindo à ressurreição literal ou
ao poder da vida de ressurreição trabalhando em um crente de uma maneira
prática. Visto que é mencionado no texto antes
de Paulo falar da possibilidade de morrer por Cristo, consideramos que ele
está falando do poder espiritual da vida ressurreta sendo manifestada na vida dele. J. N.
Darby concorda com isso: “Pergunta. O
que é ‘o poder da ressurreição’ em Filipenses? Resposta... para que eu possa agir e andar por este mundo no poder
da ressurreição, o que faz da morte e de todas as outras coisas nada para mim”
(Notes and Jottings, pág. 441).
Em Efésios 1:19-21, Paulo menciona que o poder de Deus que ressuscitou
Cristo dos mortos está agora “sobre nós, os que
cremos”. Isto é, ele é eficaz na vida dos crentes
que andam em Espírito, e assim, manifestam a vida ressurreta em seus corpos
mortais. Paulo queria experimentar esse poder prático da vida ressurreta como algo
vivo presente em sua vida (Gl 2:20). Isso é ilustrado como tipo em Eliseu
assumindo o manto de Elias no Jordão, indo adiante nesse poder e sendo uma
bênção para os outros (2 Rs 2:9-15).
5) “E à comunhão dos Seus sofrimentos” (ARA), “sendo feito conforme à Sua morte” (v. 10c) – Viver no poder da vida ressurreta e
manifestar essa vida em nosso andar e caminhos, naturalmente atrairá a
perseguição dos incrédulos. Paulo fala dessa oposição que os Cristãos têm no
caminho como “comunhão” com os “sofrimentos” de Cristo. Isto é porque
quando sofremos por Cristo, estamos realmente experimentando o mesmo caráter de
sofrimentos que Ele enfrentou de homens iníquos (2 Co1:5, 4:10; Gl 6:17; Cl
1:24). Esses sofrimentos não são Seus sofrimentos expiatórios, pois nenhuma
criatura pode participar da obra expiatória de Cristo (Mc 10:38). Como regra,
quando a Escritura fala do “sofrimento”
(singular) de Cristo, tem a ver com expiação (Hb 2:9), mas quando fala dos “sofrimentos” de Cristo (plural), são
os sofrimentos do martírio (Hb 2:10), em que os crentes participam quando
sofrem por Ele.
Todo o desejo de Paulo
era ser como Cristo de todas as maneiras possíveis. Isso era sua paixão.
(Novamente, isso é Cristianismo normal.)
Ele queria alcançar Cristo em glória e, com esse fim em vista, estava preparado
para se “conformar” à “morte” de
Cristo e morrer como um mártir para alcançar esse destino. Vivendo uma vida de
devoção a Cristo como Paulo fez, havia uma possibilidade muito real de isso
acontecer. É como ele disse: “Se eu morrer nas mãos de homens maus, então serei
muito mais parecido com Cristo, pois Ele foi morto por homens maus também! Nada
me agradaria mais do que alcançar a Cristo em glória pelo mesmo caminho que Ele
tomou para chegar lá!”
6) “Para ver se
de alguma maneira posso chegar à ressurreição dos mortos” (v. 11) – Se realmente fosse a vontade de
Deus que Paulo morresse por causa seu testemunho por Cristo, ele estava
disposto a isso (2 Co 5:8), porque então experimentaria o poder literal da
ressurreição, como Cristo fez quando ressuscitou de entre os mortos. Isso só o
tornaria um tanto mais parecido com Cristo!
As escrituras indicam que há duas
ressurreições que ocorrerão com cerca de mil anos entre elas (Jo 5:29). Estas
são as ressurreições dos “justos e
injustos” (At 24:15). Isso é algo que os santos do Velho Testamento não
sabiam; eles só conheciam a ressurreição de um modo geral (Jo 11:24). O
evangelho lançou luz sobre este assunto (2 Tm 1:10), e agora sabemos que
existem duas ressurreições:
A primeira
ressurreição, que tem a ver com a ressurreição dos justos, é mencionada como
sendo uma ressurreição “de entre os
mortos” na tradução de J. N. Darby. Assim, é algo seletivo; os justos
mortos serão selecionados de entre os iníquos mortos e ressuscitados para a
vida. Essa “ressurreição seletiva” como
às vezes é chamada, foi ensinada primeiro pelo Senhor Jesus Cristo (Mt 17:9) e
depois pelos apóstolos (Rm 6:4; 1 Co 15:20; Ef 1:20; Fp 3:11; Cl 1:18, etc.).
Tem três fases:
- “Cristo, as primícias” (1 Co 15:23a). Isso ocorreu quando o Senhor ressuscitou de entre os mortos (Mt 28:1-6). O caráter de Sua ressurreição é uma amostra daquilo que virá depois para os justos. Por isso, Ele é “as primícias” dessa ressurreição.
- “Os que são de Cristo, na Sua vinda” (1 Co 15:23b). Isso se refere aos santos do Velho Testamento e do Novo Testamento sendo ressuscitados no Arrebatamento (1 Ts 4:15-18; Hb 11:40).
- “[Eles] viveram, e reinaram com Cristo” (Ap 20:4). judeus e gentios fiéis que morrerem durante a septuagésima semana de Daniel serão ressuscitados ao final da grande tribulação, completando assim a primeira ressurreição (Ap 14:13).
A
segunda ressurreição (do injusto) ocorrerá no final do Milênio, que é o final
do tempo (Ap 20:5, 11-15). Naquele momento, os ímpios mortos serão
ressuscitados e julgados perante o grande trono branco, e depois designados
para uma eternidade perdida no lago de fogo (inferno).
7) Como Paulo andou pelo caminho da fé,
procurou crescer em sua apreensão sobre o fim glorioso para o qual ele foi
destinado pela graça de Deus. O “prêmio”
que ele perseguiu era estar com e ser
como Cristo em glória. Isso é algo
que todos os santos obterão quando o Senhor vier (2 Ts 2:14). Paulo reconheceu
que, naquele ponto de sua experiência Cristã, ele ainda não tinha a “posse” (JND) do prêmio – “Não que já a tenha alcançado [o prêmio], ou que seja perfeito” (Perfeição, na maneira como fala dela
aqui, é ter plena conformidade com Cristo no estado glorificado – v. 21.) Mas
Paulo queria um conhecimento mais profundo do por que ele foi preso por Cristo,
e assim disse: “Para que eu saiba
apreender [alcançar] aquilo pelo qual sou também preso de [alcançado por] Cristo Jesus” (v.
12 – Tradução W. Kelly).
A
revelação do Mistério em Efésios e Colossenses manifesta o “propósito dos séculos” (ATB) de Deus (Ef 3:11). Ele é apresentado
nessas epístolas principalmente como uma questão de doutrina, então Paulo
estava ciente dessas coisas, tendo sido o escritor delas. Mas ele queria mais;
queria conhecer o coração daqu’Ele que o escolheu para aquele lugar que terá
com Cristo no dia vindouro de manifestação. Não tendo alcançado o fim divino
para o qual fora chamado, ele seguiu em frente no caminho da fé em sua busca
por um entendimento mais profundo disso.
Vs.
13-14 – A busca de Paulo pelo seu objetivo de alcançar Cristo em glória foi o
foco singular de sua vida. Ele havia removido todas as coisas estranhas dela
para poder dar toda a sua atenção à busca desse objetivo único. Ele disse: “Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma
coisa faço, e é que,
esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante
de mim, Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação [do chamado ao alto – JND] de Deus em Cristo Jesus”. Novamente, ter um foco tão singular é o Cristianismo normal – todos nós deveríamos ter esse
tipo de foco em Cristo!
Paulo
sabia que o maior obstáculo para seguir Cristo em glória era colocar “confiança na carne”, numa busca
terrena ou qualquer outra busca (v. 4). Isso era exatamente o que os mestres judaizantes
estavam promovendo e, assim, eram uma praga para o Cristianismo. Eles
precisavam ser identificados como maus obreiros e tratados como tais (Gl
5:7-10). A mensagem de Paulo foi exatamente o oposto; tinha a ver com “esquecendo-me das coisas que atrás ficam...”. Isso se refere à ambição que ele uma vez
teve de ser um grande homem no mundo religioso. Esta afirmação é frequentemente
retirada do contexto e aplicada a coisas ruins que uma pessoa pode ter feito,
ou a coisas tristes que ela possa ter experimentado em sua vida. Para
consolar-se sobre essas coisas, a pessoa vai citar essa afirmação sobre o
esquecimento. No entanto, Paulo não está falando de esquecer coisas tristes e
ruins; ele está falando em deixar atrás as chamadas coisas “boas” que uma vez perseguiu e que o distinguiram entre seus pares
– coisas de que a carne podia se orgulhar e que o mundo admiraria.
Nós vemos aqui uma progressão do
exercício em relação às coisas anteriores que Paulo tinha perseguido. Quando se
converteu, ele tratou essas coisas como “perda”;
então, ao seguir adiante em sua experiência Cristã, ele as viu como realmente eram – como “refugo”. Agora ele fala dessas coisas como algo que ele estava “esquecendo” completamente. Note que “esquecendo” e “avançando para” são indicados no tempo presente. Isso mostra que
foi um exercício contínuo em sua vida. Isso nos ensina que não há tempo para
ficar ociosos em nossas vidas Cristãs, porque se pararmos em nossa busca por
Cristo, mesmo por um pouco, provavelmente voltaremos às coisas que outrora
buscávamos.
Paulo
prossegue “para o alvo, pelo
prêmio”. Isso não
significa que estivesse tentando apressar o dia de alcançar Cristo em glória
antes do tempo designado por Deus; isso acontecerá para todos os crentes ao
mesmo tempo – no arrebatamento. O objetivo era ter total conformidade com Cristo. Insistir
nessa direção é buscar agora, de todas as formas possíveis, ser como Ele, moral
e espiritualmente. E, uma vez que naquele dia nós “conheceremos”, como também somos “conhecidos” (1 Co 13:12), quanto mais crescemos agora em apreensão
daquele conhecimento, nesse sentido, estamos chegando mais perto desse dia
quando teremos então o conhecimento completo.
A
frase: “o alto chamado de Deus em Cristo
Jesus” (traduzido como tal na KJV) pode
levar a erro. Uma pessoa poderia
pensar que Paulo estava falando em tentar ganhar o prêmio mais alto que será
dado no céu ao mais dedicado servo do Senhor. Se fosse isso a que ele estava se
referindo, então ele realmente não havia julgado seus antigos desejos da carne em
ser o melhor e ter o mais elevado lugar de honra no judaísmo – mas é que agora
ele perseguia o prêmio no Cristianismo. Contudo, essa tradução na KJV não é a
melhor. O versículo deveria ser lido: “o
chamado ao alto” (JND). Refere-se ao chamado celestial do Cristão estando com e como Cristo, onde Ele está, no alto. É a porção de todos os
crentes, não apenas para uma pessoa que se destacou acima de seus irmãos na fé
e boas obras. “Alto” significa
simplesmente “acima”, no céu. O
sentido em que Paulo usa a palavra “prêmio”
refere-se ao que todos os Cristãos
receberão no dia vindouro.
Assim,
vemos a partir desses sete novos
desejos de Paulo que houve uma renovação completa em todo o seu propósito de
viver. Essas coisas não são exercícios extraordinários que só seriam
encontrados em um apóstolo, mas é o que caracterizam o Cristianismo normal. Assim, todos nós devemos ter
esses desejos!
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